quarta-feira, 1 de abril de 2020

Dissolução, pixel por pixel.

"Não se trata mais de retomar ou de transformar um sistema de produção, mas de abandonar a produção como o único princípio de relação com o mundo. Não se trata de revolução, mas de dissolução, pixel por pixel. Como mostra Pierre Charbonnier, após cem anos de um socialismo que se limitou a pensar a redistribuição dos benefícios da economia, talvez seja o momento de inventar um socialismo que conteste a própria produção. É que a injustiça não se limita apenas à redistribuição dos frutos do progresso, mas à própria maneira de fazer o planeta produzir frutos. O que não significa decrescer ou viver de amor ou de brisa, mas aprender a selecionar cada segmento deste famoso sistema pretensamente irreversível, a questionar cada uma das conexões supostamente indispensáveis e a experimentar, pouco a pouco, o que é desejável e o que deixou de sê-lo. Daí a importância fundamental de usar este tempo de confinamento imposto para descrevermos, primeiro cada um por si, depois em grupo, aquilo a que somos apegados, aquilo de que estamos dispostos a nos libertar, as cadeias que estamos prontos a reconstituir e aquelas que, através do nosso comportamento, estamos decididos a interromper".

http://www.bruno-latour.fr/fr/node/851.html?fbclid=IwAR2RM2-nc725CwlhKo0je6aEqe6NvIIr8HvGeBgNHFTNwbUrCgzd_niHG-g

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