segunda-feira, 30 de setembro de 2019

"A Guerra do Vietnã", um documentário para ser visto... e refletido.

O mais impactante neste documentário não são as imagens - impressionantes, inesquecíveis - não é o horror e burrice desta guerra - claramente apresentados -, mas as reflexões atemporais, despejadas como tempestade torrencial, uma atrás da outra, por personagens variados e de ambos os lados da guerra. Gente que conseguiu não só sobreviver, mas refletir sobre o sofrimento inimaginável que sofreu nessa guerra estúpida (como todas, mas, talvez, mais ainda essa) e extrair lições, conceitos, sentimentos profundos e positivos, humanos até o âmago, e que nos dão, em meio a agonia de "ver" uma guerra, o alívio de saber que a humanidade resiste à barbárie.
Um grande, um enorme documentário. Parabéns Ken Burns e Lynn Novick pela esplêndida produção!

sábado, 28 de setembro de 2019

Saigon e a liberdade às avessas

Durante a Guerra do Vietnã, a capital do sul, Saigon, triplicou sua população, inchada com os refugiados da guerra e camponeses expulsos de suas terras, e alcançou 3 milhões de habitantes.
A corrupção grassava solta, os padrões morais decaíam, a pobreza extrema atingia meio milhão de miseráveis, havia constantes manifestações contra o governo, a falta de liberdade religiosa, os baixos salários, o desemprego, contra a corrupção, a má qualidade dos serviços públicos, a inflação (que em ano bom, atingia mais de 25%)...
Mas, consultado pelo jornalista, um vietnamita disse: Apesar de seus problemas, Saigon era "suja e livre"... 
Meu Deus!!! Que liberdade é essa? A liberdade para ser massacrado, miserável, abusado, morto? A liberdade para "se virar"? Sobreviver do jeito que der? Viver cada dia como sendo o último, por não haver possiblidade de visualizar o amanhã? 
Quem deseja essa liberdade? O neoliberalismo? Que mente doentia pode aceitar, desejar, defender um modo de vida desse?

(reflexões incoerentes sobre "A Guerra do Vietnã", da Netflix) 

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Fatos da Guerra

A Guerra do Vietnã mudou radicalmente o modo de vida vietnamita. Antes, 8 em cada 10 cidadãos moravam em vilas rurais. Ao final dos anos 60, alguns anos ainda antes do fim da guerra, 60% da população era urbana. Mudavam-se e perdiam-se. Deixavam seus valores e modo de vida ancestrais para trás, e não achavam nada para substitui-los.

Tenho pensado muito sobre nosso país enquanto acompanho, estarrecido, o documentário "Guerra do Vietnã", na Netflix, em 10 longos capítulos.
Parece delírio meu, mas não vejo muita diferença, apenas o modus operandi é outro. O resultado me parece muito tristemente igual... 
Uma pena.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

A barbárie, o horror... quando vamos aprender a ser humanos?

Tenho assistido à longa minissérie da Netflix sobre "A Guerra do Vietnã". São 10 capítulos de longa metragem que me deixaram com o coração dilacerado.
Algumas coisa me deixaram pasmo. Como foi possível homens bem educados, com carreiras brilhantes, agirem como agiram? Pensarem o que pensaram? Cegos guiando outros cegos?
Essa longa guerra - começou durante a ocupação francesa ainda no século XIX - mostrava suas lições claramente aos homens no poder... e eles simplesmente não enxergavam; ou enxergavam, mas tinham uma "agenda escondida", uma "segunda intenção" tão absurda, irracional, maléfica quanto a dos piores tiranos da História.
O envolvimento dos Estados Unidos durou 20 anos (1955 - 1975). Já nos primeiros 5 anos era possível saber que as premissas iniciais que justificavam o seu envolvimento militar no sudeste asiático eram falhos, falsos, equivocados:
- "A queda do Vietnã nas mãos dos comunistas provocará um efeito dominó e todos os países da região cairão também;
- É melhor um governo autoritário e corrupto no Vietnã do que arriscar cair nas mãos dos comunistas;
- Os Estados Unidos não são colonialistas como foi a França, estamos no Vietnã para ajudar a democracia;
- Assim que os norte-vietnamitas virem a nossa firme decisão de apoiar a democracia, vão decidir negociar a paz;
- Estamos aqui pela paz, não pela guerra"...
E assim, mais de 58 mil soldados americanos perderam a vida inutilmente, e mais de 1 milhão de vietnamitas (do norte e do sul) morreram. 
A quantidade de destruição causada pela guerra (principalmente pelos Estados Unidos) foi comparativamente maior do que a da Europa na 2a Guerra Mundial: mais de 7 milhões de toneladas de bombas sobre o Vietnã, em comparação com 3,4 milhões de toneladas lançadas sobre a Europa pelos Estados Unidos e Grã Bretanha!!! 
Sem contar os imensuráveis prejuízos causados ao Vietnã, Laos e Camboja pelas bombas. E, pior, pelos nefastos "agentes laranjas", despejados aos milhões de litros e pelas bombas napalm, ambas com a única intenção de acabar - acabaram - com as florestas da região. 

Parece-me, à exceção dos meios utilizados, que o Brasil poderia aprender com a experiência e, quem sabe, prevenir-se de muitos dissabores...

terça-feira, 24 de setembro de 2019

O verdadeiro compromisso

"Comprometer-se com a desumanização é assumi-la e, inexoravelmente, desumanizar-se também.
Esta é a razão pela qual o verdadeiro compromisso, que é sempre solidário, não pode reduzir-se jamais a gestos de falsa generosidade, nem tampouco ser um ato unilateral, no qual quem se compromete é o sujeito ativo do trabalho comprometido e aquele com quem se compromete, a incidência de seu compromisso. Isso seria anular a essência do compromisso que, sendo encontro dinâmico de homens solidários, ao alcançar aqueles com os quais alguém se compromete, volta destes para ele, abraçando a todos num único gesto amoroso."
(Paulo Freire em "Educação e mudança", ed. Paz e Terra, 20a edição, 1994)

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Sobre o que fala "Como Entender e Sobreviver ao Intento"?

"Reflito sobre o nosso Brasil, que é um país estranho, imensamente rico e imensamente pobre. Relembrando o que já observei em outros países, chego a pensar que nossa riqueza é também a nossa miséria. A Carta de Pero Vaz de Caminha dizia ao rei "em se plantando, tudo dá", celebrando assim a fartura dessas terras. Dava.
Séculos de exploração predatória têm exaurido nossos recursos, nossa exuberância, nossa paciência. Mas ainda não nossa esperança, pois, de maneira até surpreendente, perseveramos na crença de que conseguiremos mudar o rumo das coisas e a qualidade de nossa vida, quer como indivíduos, quer como comunidade, como nação e mesmo espécie." - Fabio Ortiz Jr.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Truques e Ardis

"São muitos os truques e logros aí engenhados com o intuito de ludibriar ou ao menos adiar as transformações e a evolução positivas nas relações sociais
...
Contudo, sem a menor dúvida, o maior ardil estabelecido consiste em alienar, sequestrar todas a nossas energias, todo nosso tempo, numa eterna e angustiante luta pela sobrevivência, criando-se uma moderníssima escravatura."

(Fabio Ortiz Jr., em "Como Entender e Sobreviver ao Intento", CEPA, 2019) 

Fabio, no capítulo "Sustentabilidade e Cidadania", reflete sobre a insanidade do atual "estilo de vida", que tem na acumulação ilimitada o seu maior valor, e como essa forma de viver vai nos levar à extinção da vida humana e possivelmente de muitas outras formas de vida na Terra. E completa: "Precisamos parar de nos debater; precisamos lutar".

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Água e Tempo

"Acontece todos os dias, vezes sem conta.
Abrimos a torneira e lá está ela, a água verte para que dela façamos bom uso. Damos um toque no interruptor e, zás, o ambiente se ilumina.
...
Às vezes, não. Logo reagimos: que absurdo, o que será que aconteceu agora? Quem será o responsável por esta incompetência?
O fato cotidiano é que contamos com que haja água e luz à nossa disposição, damos por certo que elas estarão lá, pensamos nisto como um fato natural."
("Como Entender e Sobreviver ao Intento", de Fábio Ortiz Jr., CEPA, 2019)

Creia, meu amigo, não é.

domingo, 15 de setembro de 2019

Passado, Presente. Futuro

"Se você quer conhecer seu passado, olhe sua condição atual; se você quer conhecer seu futuro, olhe suas ações atuais"

(provérbio chinês, em "Como Entender e Sobreviver ao Intento", de Fabio Ortiz Jr.)

terça-feira, 10 de setembro de 2019

"Não temos o que merecemos, temos o que nos assemelha"


Este trecho, parte do "Preâmbulo" do livro "Como Entender e Sobreviver ao Intento", de Fabio Ortiz Jr. (edição do Autor, 2019) dá bem a noção do tamanho da tarefa a que se propõe o autor. E um relance do desafio que, como humanidade, temos à frente.
Outros trechos virão.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Como entender e sobreviver ao Intento

Nos últimos 15 dias tenho saboreado a leitura do volume 1 da série "Mundo: um guia não autorizado" do meu amigo e colega de faculdade (Geologia USP, classe '75), Fabio Ortiz Jr.
O texto, como o autor o define, é "uma leitura ambientalista da distopia real" que envolve a reflexão progressiva sobre temas tais como: tempo, espaço, ambiente, ecologia, educação, ambientalismo, desenvolvimento, sustentabilidade, cidadania, democracia, utopia, e o olhar, o compreender, o agir, o transcender, o imaginar.
A leitura é muito agradável e leve, movida pelo que diz o autor, "algo intrínseco à espécie humana e essencial: a curiosidade. Puxa-se um fio aqui, para ver o que traz; e logo surge outro ali. Uma coisa vai puxando a outra... e assim chegamos lá. No destino? Não! No caminho..."
Pretendo citar alguns trechos aqui, à medida que for me inteirando do seu conteúdo. 
Vocês, certamente, vão gostar!!!

Ignorância e Arrogância

"É muito difícil se livrar da ignorância se você mantém a arrogância"

(Documentário "Guerra do Vietnã", episódio 4, Netflix)

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Democracia sobre ruínas

"O Vietnã todo era um campo de batalha. Se os americanos queriam que uma democracia fosse construída a partir daquelas ruínas, isso era irreal. Claramente, o Vietnã do Sul era mais democrático, mas em uma luta tão violenta, o lado em que os soldados tivessem menos dúvidas e fizessem menos perguntas venceria." 

Huy Duc, norte-vietnamita, em "A Guerra do Vietnã", na Netflix

domingo, 1 de setembro de 2019

Minimalismo e materialismo

A socióloga Juliet Schor responde a afirmação do escritor Colon Beavan, no documentário "Minimalismo", da Netflix, de que "o problema da nossa sociedade é ser materialista demais"

"Na verdade, se pensarmos em alguns aspectos, não somos materialistas o bastante. Somos muito materialistas no sentido do cotidiano. E não somos muito materialistas no sentido real da palavra. Precisamos ser verdadeiros materialistas e realmente nos importarmos com bens materiais. Ao invés disso, estamos em um mundo onde os bens materiais são muito importantes pelos seus significados simbólicos, como eles nos posicionam no sistema de status, baseado no que a propaganda ou mídia diz sobre eles."