O sucesso das atletas brasileiras Rebeca e Bia levantou o ânimo da população preta no país e foi utilizada ad nauseam pelas mídias e empresas de publicidade para louvar o "avanço" dos pretos nas conquistas da sociedade brasileira.
Por mais que eu me emocione - e como me emocionei! - com o desempenho das nossas atletas, fico muito contrariado com esse "oba, oba" de exaltação da população negra. Não que eu não concorde que essa parcela - enorme - da sociedade brasileira mereça nossa admiração e aplauso. E realmente merece.
No entanto, nada mudou. O racismo estrutural continua firme e forte. As vergonhosas desigualdades de condição de vida que castigam os brasileiros negros não mudaram com as vitórias de Rebeca e Bia.
E mais, a afirmação "sacana", maldosa, verdadeiramente vil, de que os resultados das mulheres confirmam a validade da falácia da "meritocracia" é revoltante e digna de repulsa, que, no entanto, não vi com a veemência e volume que necessita.
Temo que essas vitórias, tão suadas, sofridas e merecidas, sirvam para os poderosos, os "senhores" que determinam os destinos da nação, as utilizem apenas para beneficio próprio, sem se importar com o sofrimento diário da população pobre, sofrida e valorosa.
Não! Não é oba, oba que a população preta merece e precisa!!! É justiça social, é reconhecimento de dívida histórica do país com os descendentes de escravizados, é compaixão e não migalhas publicitárias.