Há a história de
dois homens, ambos seriamente doentes, no mesmo quarto de um grande
hospital. Um deles, como parte de seu tratamento, podia sentar-se na
cama por uma hora à tarde para drenar fluído dos seus pulmões, e
sua cama ficava próxima à janela.
Mas o outro homem
tinha que ficar o tempo todo deitado de costas.
Eles conversavam por horas a fio sobre suas esposas, seus filhos,
suas casas e seus empregos.
Toda tarde, quando
o homem na cama perto da janela era erguido por uma hora, passava o
tempo descrevendo o que conseguia ver. E o outro homem começou a
ansiar por estes momentos.
A janela
aparentemente permitia ver um parque com um lago onde havia patos e
cisnes, crianças atirando-lhes pão, e barcos à vela em miniatura,
e jovens namorados andando de mãos dadas; onde havia flores e
tapetes de grama, jogos de futebol,
pessoas descansando ao sol, e à distância, uma linda vista da
silhueta da cidade.
O homem deitado de
costas ouvia tudo isto, apreciando cada minuto: como uma criança foi salva de cair no lago, como estavam lindas as meninas em vestidos de
verão, e o excitante jogo de bola ou o garoto brincando com o
cãozinho. Chegou ao ponto do homem quase poder ver o que acontecia
lá fora.
Com os dias se
passando, o homem deitado de costas tornou-se ressentido por não
poder ser colocado em posição próxima à janela para ver tudo
aquilo por si mesmo. Ele ficou cismado, perdeu o sono e tornou-se
mais irritado com sua condição.
Uma manhã o homem
próximo à janela morreu; seu corpo foi retirado rapidamente. Logo
que foi possível, o homem perguntou se podia ser mudado para a cama
próxima à janela. E quando eles o mudaram, fizeram-no ficar bem confortável, e o deixaram.
No momento que se
viu só, ele se apoiou nos cotovelos e, dolorosamente e
persistentemente, olhou pela janela.
E viu uma parede
branca!
2 comentários:
Legal. Bem legal mesmo.
Rubinho,
Gostei do texto, bacana mesmo. Me lembrou do filme "A vida é bela".
Abraço.
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