"E o presente que eu queria não veio... Ainda. Mas, está a caminho.
Então o mundo, agora, toma conhecimento da mais nova vertente do nazifascismo, o bolsonarismo. É a versão tupiniquim dos movimentos italiano e alemão que aterrorizaram a Europa no início do século passado. O bolsonarismo tem, praticamente, todas as características das duas pestes europeias (mitificação do líder, milícias armadas, intimidação dos adversários, desprezo à democracia, à crítica e à oposição, supremacia racista, etc), acrescidas da aliança estratégica com o fundamentalismo religioso, especialmente o evangélico.
Na caminhada da sofrida democracia brasileira, pegamos um caminho errado e andamos para trás rumo ao pré-iluminismo, onde as igrejas davam apoio aos reinos e impérios, inclusive defendendo a coroação dos dinásticos como vontade divina para, assim, obter resignação popular e mitificar o líder. Em troca, os poderosos enchiam as burras da hierarquia religiosa com moedas e privilégios.
Aí está a “novidade” do nazifascismo à brasileira, o que nos faz lembrar a visão do eterno Millôr: “O Brasil tem um imenso passado pela frente”. Ou seja, na caminhada rumo ao futuro, avançamos pra trás.
O inominável força a barra para impor pautas ultraconservadoras de algumas falanges religiosas, como políticas públicas no MEC e nos tribunais superiores, desprezando o laicismo do Estado, estabelecido na CF.
Assim, de degrau em degrau, ele armou suas milícias (hoje existem mais CACs do que os contingentes somados das Forças Armadas de polícias militares somadas), cooptou os milicos a troco de benesses e privilégios, usou a micheque para conquistar público feminino prendado e do lar, além da imensidão conservadora religiosa. Com suas exibições populistas de jet-ski e moto, atraiu um exército de mínions bombados de academia e motoqueiros, ávidos da virilidade masculina de seu mito imbrochável.
Infelizmente, os resultados deste primeiro turno mostram que, aos 30% fixos que o inominável detém desde sempre, somaram-se contingente expressivo da direita tradicional (os PSDBs e MDBs da vida) e da centro-esquerda cirista que optou pelo voto útil no inominável.
É assustador perceber que 43% da população tenham preferido votar num carniceiro, fã de torturador e da tortura, misógino, que nunca trabalhou na vida, metido em esquemas nebulosos de aumento de patrimônio e otras cositas. A conclusão, infelizmente, é que o bolsonarismo veio pra ficar, não é uma coisa bizarra que vai passar logo. Não foi um acidente de percurso. Mesmo desaparecendo seu líder, ele criou raízes que podem rebentar mais adiante sob nova liderança. Vide o fascismo ressurgindo viçoso na Itália e flertando com vários países da Europa.
Para nossa vergonha a História, doravante, passará a tratar o bolsonarismo como uma vertente dos ideários políticos totalitários, ao lado do nazismo e do fascismo. E o inominável figurará no panteão dos personagens sinistros, ao lado de Hitler e Mussolini.
No caso brasileiro, o que nos cabe agora é impedir a reeleição do inominável, como medida saneadora de emergência. Depois, será preciso um trabalho de longo prazo pra ir cortando as raízes deitadas no Congresso e em várias instituições da sociedade civil. A tarefa será árdua, talvez o último embate da nossa geração, em prol de um Brasil que seja, de fato, uma mãe gentil para todos os seus filhos.
O jogo está jogado. Os números nos favorecem. Como aquele Barcelona da era Messi, a estratégia é não tomar gol e a tática é ter o controle da bola e atacar na hora certa. Nesse momento, a bola e o placar estão conosco. Penso que agora, o resultado dependerá menos do ataque adversário do que dos nossos erros.
Não sei se concordam comigo.
Grande abraço a todos. A luta continua!"
(Do meu amigo e colega de faculdade, Baianinho, grande sábio)
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