"Toda fé política sustenta, muito sensatamente, que o único modo de se garantir e exercer a justiça é pela mediação de uma instituição; discordam entre si apenas a respeito de qual é a receita institucional correta. Para o socialista, o sistema é justo porque ninguém pode ficar rico; para o capitalista, o sistema é justo porque qualquer um pode enriquecer. Ambos os projetos, portanto, estão fundamentados no medo coletivo da injustiça (medo da injustiça social, para o socialismo, e medo da injustiça pessoal, para o capitalismo) e no desejo condicionado pelo que o sistema toma como admirável (em ambos os casos, a produção e o consumo)."
Trecho do texto de Paulo Brabo, que leio com queijo caído, por sua claridade, profundidade e simplicidade.
5 comentários:
Li por lá, adoro a lucidez.
Ou seja, de um lado ou de outro, a questão básica é a da riqueza, individual ou coletiva. Me soou um pouco a Leo Huberman
É isso ai. ;)
Além dos dois! Precisamos de novos ismos :)!!!
Rubens, tudo bom? Rapaz, aquela sacada de que você falou, na verdade quem a teve foram outros dois colaboradores do blogue, Turuna Tântalo (Rondinelly) e Zé Bebelo (José Márcio). Eles formularam a questão e aí ela se juntou a outras formulações que vinha fazendo sobre idéia de "decadência", "degeneração social", "mudança", "progresso", coisas de que Gilberto Freyre tanto fala, além de inúmeros escritores. E essas formulações, juntas, fizeram todo o sentido. A impressão que tenho é de que o mundo acabou desde Dom Quixote, para pegar um motivo de Lukács n'A Teoria do Romance. E aí vivemos à sombra de um mundo que simplesmente teima em aceitar que acabou. Basicamente (pode ser um exagero tremendo) a literatura ocidental desde Cervantes fala do fim do mundo, ou, para ser um pouco marxista, do fim DE UM mundo. Como pode ver, são formulações ainda por serem melhor formuladas. Abração!
Postar um comentário