sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A tragédia antevista, prevista, anunciada... consumada

"De onde, meu Deus, surgiu essa ideia de que é tudo bem consumir o país inteiro em chaminés, de que é tudo bem apagar florestas em fábricas, riachos em esta­ci­o­na­men­tos, pantanais em pastos, cascatas em represas e pradarias em campos de soja – isso tudo num ritmo de tsunami, que as mais dili­gen­tes atu­a­li­za­ções do Google Earth não conseguem acom­pa­nhar? Essa pergunta, infe­liz­mente, é fácil de responder. Achamos tudo isso mais ou menos normal porque fomos devi­da­mente pro­gra­ma­dos pela doutrina do desen­vol­vi­men­tismo – a con­ve­ni­ente ideia de que todos os países admi­rá­veis são iguais: que são ricos, no sentido que gastam sel­va­ge­mente todos os seus recursos no ralo da pro­du­ti­vi­dade. Esse dou­tri­na­mento nos faz fechar os olhos a todos os custos pessoais, sociais e ambi­en­tais envol­vi­dos na expansão indus­trial e agrícola, porque cremos que há virtude inerente em ver “o país crescer”. Essa resig­na­ção está mesmo gravada em palavra de ordem na nossa bandeira."

(Paulo Brabo, em "Nunca é cedo demais para lembrar o que o PT e o capitalismo tem em comum", que explica minha má vontade e recusa em votar neste ou naquele partido, neste ou naquele candidato)

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Zelota?!

Termino - ainda falta ler a seção final de "notas" - o interessante livro "Zelota - A vida e a época de Jesus de Nazaré", de Reza Aslan, publicado pela Zahar.
Quando digo "interessante", alguém pode concluir que não gostei (é o termo usado pela minha esposa quando avalia algo como "médio"). Não é o caso. Gostei, gostei muito, mas...
Sempre tem um "mas", não é? Neste caso, o "mas" não é uma crítica ao autor, mas ao leitor. Sinto-me incapaz de avaliar as afirmações do autor, pois pressupõe um conhecimento de História Antiga - mais precisamente, da história antiga da Palestina - e do Novo Testamento - do qual fui/sou um leitor relapso - que não possuo.
Então, a título de reflexão, tanto para quem leu como para quem ainda não leu - e eu recomendo - transcrevo o parágrafo final do livro (o ponto de interrogação ao final do parágrafo é meu):
"Dois mil anos depois, o Cristo da criação de Paulo totalmente subjugou o Jesus da história. A memória do zelota revolucionário que atravessou a Galileia reunindo um exército de discípulos com o objetivo de estabelecer o Reino de Deus na terra, o pregador magnético que provocou a autoridade do sacerdócio do Templo em Jerusalém, o nacionalista judeu radical que desafiou a ocupação romana e perdeu, ficou quase completamente perdida para a história. Isso é uma pena. Porque a única coisa que qualquer estudo abrangente sobre o Jesus histórico deveria ter esperança de revelar é que Jesus de Nazaré, Jesus, o homem, é tão atraente, carismático e louvável como Jesus, o Cristo. Ele é, em suma, alguém em que vale a pena acreditar"?

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Tem gente querendo dividir o Brasil

"Toda unanimidade é burra."

Se considerarmos essa afirmativa correta, então, a sugestão que vi em várias postagens no Facebook nos últimos dias - querem o país dividido em dois: um no norte/nordeste, com todos os petistas e pessoas de esquerda; e outro no sul/sudeste, com todos o fãs do PSDB e pessoas "não esquerdistas" - essa sugestão é de uma burrice unânime!!!
Uma divisão dessas supostamente deixaria dois países homogêneos, e - a se levar a sério a afirmação acima, do grande Nelson Rodrigues - dois países burros.
A maior vantagem do Brasil é sua diversidade. Ela se manifesta na diversidade ambiental, climática, cultural, linguística, religiosa, e - por que não??? - POLÍTICA!!!!!
Querer nivelar o país politicamente é querer nivelar por baixo, é permitir que a política exerça o poder dominante sobre todas as outras características do brasileiro. Enfim, é ser burro duplamente!!!
Sei, sei, todo mundo que deu e apoiou essa sugestão infame, o fez de brincadeirinha, de desabafo, da boca pra fora... Sei, sei...
Que tal, então, pensar um pouco, só um pouquinho, antes de espalhar merda pela internet, tá gente?

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Mais difícil

Dizem, que "viver não é fácil, não".
Ultimamente, 
tenho achado que morrer 
é mais difícil...

domingo, 26 de outubro de 2014

Contrariando a mim mesmo, votei!

Votei nulo no primeiro turno.

Mas, agora, no segundo, contrariando minha convicção, votei.

E sabe por quê?

As postagens, os argumentos, a campanha, a veemência dos meus amigos psdbistas, e anti-petistas foi tal que não tive outra alternativa a não ser me conformar e votei:

VOTEI DILMA.

A Torre de Babel e minha visão das instituições

Quem me conhece sabe que não tenho grandes simpatias por algumas instituições - por exemplo: partidos políticos, instituições religiosas, órgãos legislativos, executivos, policiais e judiciários em geral, ongs, grandes corporações, empresas multinacionais, etc - visto que sempre as critico.

Explico meu desgosto com elas.

Todas as instituições, quando se organizam, tem uma "raison de vivre", um objetivo fora de si mesmas que justifica a sua existência e lhe dá direção e energia. 

Acontece que, com o passar do tempo, essas instituições se tornam mais e mais voltadas para si, para sua sobrevivência, para seu crescimento, para sua manutenção de tal forma que logo deixam de ser ferramenta, instrumento, meio para um fim (sempre nobre e louvável), para se tornarem um fim em si mesmas, mais preocupadas com a manutenção do "status quo" do que com a consecução de suas finalidades.

E isso acontece com todas, em todos os campos da atuação humana no mundo, mais cedo ou mais tarde.

É claro que faço aqui uma generalização. É claro que cometo alguma injustiça. É claro que alguém pode me apontar esta ou aquela instituição que, aos 30, 50, 100 anos de existência, não se desviou um milímetro do rumo. São essas as exceções que confirmam a regra.

No meu ponto de vista, e posso estar errado, a melhor maneira de se manter instituições boas e construtivas é demolindo-as sempre que se tornarem fortes e saudáveis; é começando tudo de novo. Do zero.


sábado, 25 de outubro de 2014

A Lei de Murphy: um corolário

"Nada é tão ruim que não possa piorar;
e o que pode piorar, piora."

(Escrito em 23 de outubro, antes de saber o resultado das eleições, mas já sabendo as consequências dela)

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Não vemos o vírus do Ebola, mas ele vê o mundo como deveríamos

Você já parou para pensar por que não temos nada para combater o Ebola e por que ele atacou justamente os países africanos
Não? 
Então pense com o Paulo Brabo, AQUI.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Pergunta importante

Sempre ouvi e achei importante a pergunta: "O que é que você vai ser quando crescer?". Eu, por exemplo, quando pequeno, dizia que queria ser motorista de caminhão ou então, de taxi (no caso, por causa dos maços "enormes" de dinheiro que eu os via manusear).
Hoje, ao "folhear" os jornais de SP, dei com uma pergunta mais importante ainda:
"O que é que você vai ser quando morrer?"
A pergunta me pegou de surpresa, pelo inusitado, e demorei pra conseguir pensar na relevância e profundidade do seu alcance. Daí, me veio à lembrança outra frase que li algures e achei ótima (além de hilária): "Não queira ser o mais rico do cemitério". E realmente, não desejo. 
O que quero ser quando morrer é uma boa lembrança na memória daqueles que me são caros, uma narrativa alegre, positiva, inspiradora e emocionante para aqueles que forem falar de mim, dos meus atos, dos meus pensamentos, das minhas lutas, vitórias e derrotas. Que eu não sirva de exemplo (bom ou ruim), mas que sirva de reflexo daquilo que a vida pode ser: algo que vale a pena!

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

terça-feira, 21 de outubro de 2014

"I'll be back!!!" - Arnold Schwarzenegger

Não se iludam: em 5 dias eu voltarei para o Facebook. Em 5 dias a eleição terá acabado e, espero, as pessoas voltarão a ser o minimamente sensatas. 
(Sei o que você está pensando... e sim, eu sou um otimista ingênuo.)

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A Verdade e o Diálogo

"De todas as posturas que os dois movi­men­tos [cristão e judeu] foram criando e reforçando para diferenciar-se um do outro, já a partir do primeiro século, poucas são mais con­tras­tan­tes do que o modo que cada um escolheu como adequado para apresentar a verdade.
Os cristãos estabeleceram que a verdade pertence ao dogma, os judeus estabeleceram que a verdade pertence ao diálogo."

(Paulo Brabo, em "verdade na assembleia dos discordantes", que você pode ler AQUI)

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Quando a política é inimiga

O Secretário de Saúde da minha cidade pediu demissão. Pelo pouco contato e informação que tive dele e de sua administração à frente da Secretaria de Saúde, era um bom secretário, é um bom homem, experiente, sério, preparado, um bom líder.
Consta que o motivo foi um desacordo entre ele e o Prefeito a respeito de assuntos afetos à saúde.
Dizem, nos bastidores, no entanto, que foi por pressão dos vereadores da cidade, insatisfeitos por serem impedidos de usar o SUS como ferramenta de clientelismo político - algo com que se acostumaram fazer por muitos anos aqui na cidade.
A se confirmar a segunda hipótese - a mais provável - fica mais uma vez comprovada uma suspeita frequente na mente dos cidadãos comuns dessa cidade: nossos vereadores não valem o que ganham e prestam, continuamente, um desserviço à cidade apenas para defender seus próprios interesses mesquinhos.
Eu sou um desses cidadãos comuns. Minha solidariedade ao Sr. Secretário.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Relacionamentos - por Zygmunt Bauman

"Os problemas não terminam quando os casais passam a viver juntos. Os quartos compartilhados podem ser um local de alegria e diversão, mas raramente de segurança e sossego. Alguns deles são palco de dramas cruéis, cheios de escaramuças verbais que resultam em brigas aos socos (se o casal não se separa antes) e amplas hostilidades com desfecho semelhante ao de um "Cães de Aluguel". Belas cerimônias de casamento não ajudam; festas só para homens ou só para mulheres não põe fim ao Desconhecido, repleto de riscos e propenso a acidentes, e os aniversários de núpcias não são novos inícios que estimulem os casais a fazer algo totalmente diferente, apenas pequenos intervalos num drama sem cenários nem textos definidos."
em "Amor Líquido - sobre a fragilidade dos laços humanos", página 20, ed Zahar.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Homo Sapiens e Homo Demens

Morin afirma que a humanidade não é só "homo sapiens", capaz de feitos maravilhosos, mas é também "homo demens", igualmente capaz de barbárie e crueldades inimagináveis.

Um bom exemplo disso é a maravilhosa música de Renato Teixeira, "Tocando em frente", que faz um grande sucesso, há anos, em todo o país, na voz e viola de Almir Sater.

Ela começa afirmando "ando devagar porque já tive pressa"... o paulistano adora essa canção, e continua com pressa feito um alucinado.
É "homo sapiens" quando canta, mas "homo demens" quando vive...

Só Morin pra entender, né?

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Pensamentos de Edgard Morin em “Rumo ao Abismo?”


“O conhecimento especializado é em si mesmo uma forma particular de abstração. A especialização abs-trata, ou seja, o ato de extrair um objeto de um campo determinado rejeita as ligações e intercomunicações desse objeto com seu meio, insere-o em um setor conceitual abstrato, que é o da disciplina compartimentada, cujas fronteiras rompem arbitrariamente a sistemicidade (a relação de uma parte com o todo) e a multidimensionalidade dos fenômenos. Ela conduz à abstração matemática que produz uma cisão de si mesma com o concreto, de um lado privilegiando tudo que é calculável e formalizável, de outro, ignorando o contexto necessário à inteligibilidade de seus objetos. Assim, a economia, que é a ciência social matematicamente mais avançada, é a ciência social e humanamente mais retrógrada, pois se abstraiu das condições sociais, históricas, políticas, psicológicas, ecológicas inseparáveis das atividades econômicas. É por essa razão que seus experts são cada vez mais incapazes de interpretar as causas e consequências das perturbações monetárias e as oscilações das bolsas de valores, de prever e predizer o curso da economia, mesmo a curto prazo. Como disse Galbraith, “a única função das previsões econômicas é fazer a economia parecer respeitável”. (Ed Bertrand Brasil)