quinta-feira, 27 de junho de 2019

Cinema brasileiro

"...progresso, mesmo nos filmes mais pessimistas das duas últimas décadas, era um dado socioeconômico e um horizonte histórico. "O futuro era mais doce que amargo, mesmo quando agridoce. A partir da virada do século, mais filmes passaram a ser feitos e mais realizadores, muitos jovens, a fazer filmes por diversas regiões do país. O Brasil percebia poder se abrir e se redescobrir, para fora e para dentro. Com a depressão política que atravessamos nos últimos anos, o presente parece ter perdido um pouco da vocação para acolher movimentos históricos. Ressurgem, com mais força, os futurismos, os desencantos, as batalhas imponderáveis e a sensibilidade distópica de maneira geral"... - Luis Fernando Moura em 

https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2019/06/27/nordeste-devolve-prestigio-ao-cinema-nacional-mas-aponta-futuro-sombrio.htm?fbclid=IwAR3WT1WZfsArURdwlr0laMaJHOmmV6KYk6gR-KgZiX3e1-iiLl_6tPTK3a4&cmpid=copiaecola

Excertos de Morin - 5

"A crença de que existe uma solução técnica [ou econômica] para tudo é um absurdo que não pode ser corrigido por meios técnicos [ou econômicos]."

Edgar Morin, em "Um Ano Sísifo (1994)", ed SESC. 
(Adições entre colchetes de minha autoria.)

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Será...

"Eu posso estar completamente enganado,
eu posso estar correndo pro lado errado.
Mas a dúvida é o preço da pureza,
e é inútil ter certeza."
(Infinita Highway, de Engenheiros do Havaí)

"Assim é (se lhe parece)."
(Pirandello)

Não enxergamos a realidade, apenas a nossa percepção da realidade.
Resta-nos fazer o esforço para trazer nossa percepção o mais próximo possível dela. 
O problema é que nos falta instrumental necessário para que nossa percepção seja equivalente ao real. Ou quando desistimos de fazer esforço, por preguiça, cansaço, ou falta de maturidade intelectual e nos deixamos levar pelo que sentimos e percebemos. 
Aí, estabelece-se a tragédia.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Excertos de Morin - 4

Jung, em “Símbolos da Transformação”, citado por Edgar Morin em “Um Ano Sísifo”: 

“Se você evita o erro, você não vive.”

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Excertos de Morin - 3

“Pascal nega qualquer fundamento e qualquer justificativa ao respeito dirigido à nobreza, à realeza, ao poder, às honras, à riqueza; ele pede respeito em segundo grau não para os indivíduos, mas para a ordem e a lei.”

Edgar Morin, em "Um Ano Sísifo", ed SESC

Textão, Moro, Lula e a Corrupção

"De tanto debater in box (no FB e Twitter) repetindo sempre as mesmas coisa, resolvi fazer um textão numerado.
1."Corrupto"é todo aquele que age desonestamente, em benefício próprio ou de outros, em instituições públicas ou privadas.
2. Não sou historiadora, mas também não sou ignorante. A corrupção existe no Brasil, em todos os níveis e em todos os governos, desde o descobrimento. Havia corrupção na Monarquia, assim como na República. Havia corrupção nos governos militares, assim como nos democráticos. Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma, Temer - em todos. Quem roubou mais? Quem roubou menos? Isso importa? Livros e mais livros já foram escritos sobre o tema, com os mais variados olhares. A "Trilogia da Ditadura", do Elio Gaspari (sim, são 3 livros muito bons), "A Privataria Tucana" do Amaury Jr, "O País dos Petralhas", do Reinaldo Azevedo, são ótimos livros de leitura fácil. Altamente recomendados pra quem acredita que "bom era no tempo da ditadura", "só o PT é ladrão", "Lula não sabia de nada".
3. Não existem "mocinhos" nessa nossa história recente. Sempre foi um jogo dinâmico de interesses, que convergem ou divergem, aproximando ou afastando aliados de ocasião. Grupos e subgrupos defendem seus projetos e propostas segundo sua visão de mundo, e organizam suas estratégias conforme as oportunidades se apresentam. Há os que se corrompem nesse processo (e corrupção não é só roubar - ver item 1). Acredito que também existem os que se mantém íntegros, apesar de tudo. Alguns exemplos me ocorrem, mas não vou citar aqui. 
4. É de uma triste estupidez crer e reproduzir teorias da conspiração ridículas e rebuscadas. Vale tanto para a "Facada do Mito" quanto para o "Show do Pavão". A verdade em geral é simples, e é o que parece ser. A verdade se apoia nos fatos, e mesmo que se viva em tempos de "pós-verdade" e que as tais "fake news" dominem as mídias sociais, não existe nada mais poderoso que a realidade. A realidade não precisa se esforçar, ela apenas é. E acaba se impondo, porque é só o que existe.
5. Sobre o período dos governos petistas, eu particularmente acredito que o partido mantinha relações pra lá de promíscuas com as empresas com as quais trabalhava. Acredito que o projeto de poder do PT incluía um projeto de financiamento do partido com dinheiro público. Acredito que muitas pesoas físicas se beneficiaram disso, enchendo as próprias contas bancárias com o dinheiro dos impostos que nós pagamos - e dinheiro de várias outras origens, que eu nem desconfio quais sejam.
6. De janeiro de 2003, quando Lula assumiu a presidência, até pouco antes das eleições de 2014, eu, que não sou economista nem socióloga, observei uma melhora indiscutível na vida das pessoas mais pobres. Vi e senti isso no meu dia-a-dia, com menos pessoas vivendo na pobreza, com notícias positivas na mídia mundial, e com um reconhecimento um tanto relutante na mídia local também. O que mais me impressionou foi o gradual desaparecimento de crianças "de rua", pedindo esmolas entre os carros parados no trânsito. Hoje há muita gente miserável de volta às ruas - mas não vejo crianças, ainda.
7. Na minha vida confortável de classe média, não notei maiores diferenças nos governos petistas. Os novos benefícios para os empregados domésticos impactaram muito pouco no meu orçamento, inclusive achei muito justo. Já as cotas nas universidades foi mais difícil de entender, justo no ano do primeiro vestibular do meu filho mais velho... Ele mesmo me convenceu que era uma indecência a competição nivelada entre desiguais. Eu calei a boca e fui aprendendo. 
8. Duas coisas me indignavam nos governos petistas: o presidente se orgulhar da sua pouca formação, como se isso fosse um exemplo a ser seguido - "vejam, eu não estudei e sou presidente". Na minha apinião, ele deveria aproveitar a visibilidade da presidência e estudar publicamente, divulgando e valorizando a complementação da sua formação. Outra coisa era a desculpa pronta para todos os gargalos da nossa infraestrutura precária, que não dava conta da entrada de tantos novos consumidores - "as elites não querem que os pobres andem de avião, as elites isso, as elites aquilo". Essa divisão entre "o povo" e "as elites" nunca me desceu bem. Presidente deve governar para todos, unir em vez de dividir.
9. De qualquer maneira, a minha percepção dos governos petistas até 2014 era de um jogo de ganha-ganha: parecia estar bom pra todo mundo. Também sentia a auto-estima dos brasileiros mais alta. Quem reclamar desse período com a cantilena monótona "16 anos de PT quebraram o país" está sendo hipócrita ou é muito mal-informado. Lula se reelegeu no primeiro turno e elegeu a Dilma(!). Que apesar de tudo teve quase 4 anos de governo muito bem avaliados, até que a crise mundial somou-se a sua incrível inabilidade política e falta de visão estratégica, levando o país ao desastre. O resto da história todo mundo conhece, ou deveria. Tem um documentário muito bom no Netflix, "A Democracia em Vertigem", e tem também o seriado "O Mecanismo", 1 e 2, que usa muita informação real nos roteiros. Gente de direita e esquerda pode assistir, amar ou se enfurecer, com um ou com outro, conforme a crença.
10. Não vou falar sobre o governo Bolsonaro. Está muito além da minha compreensão.
11. Cada um tem a sua convicção formada sobre a culpa ou a inocência do ex-presidente Lula nesse processo todo. Essa convicção depende muito mais das experiências e valores de cada um do que dos autos do processo. É um julgamento subjetivo, muitas vezes apaixonado, condenando ou absolvendo.
Quem acha que Lula é um ladrão e deve ficar na cadeia para sempre, defende que qualquer irregularidade ou ilegalidade cometidas durante o processo que levou Lula à prisão é justificada pelo fato de... ter levado Lula à prisão. Qualquer argumentação contrária bate em uma parede construída por um emaranhado de desinformação, inteligência mal-intencionada e militância devota.
13. Quem acha que Lula é um estadista iluminado e salvador da pátria, defende que as revelações do Intercept deixam claro que Lula é inocente de todos os malfeitos que a ele se atribui, e que a Lava Jato tinha o único objetivo de colocá-lo na prisão. Qualquer argumento contrário bate em uma parede de generalização desonesta, superficialidade e sim, militância devota.
14. Eu acho que, pelo que foi revelado até agora (e ninguém tem dúvida que o material é autêntico, embora tentem deixar meio nebulosa essa autenticidade), houve, sim, uma ação estratégica ilegal de funcionários públicos associados para impedir o ex-presidente de concorrer à presidência em 2018. Qualquer argumento contrário bate em uma parede construída por evidências gritantes.
15. Já que o argumento mais usado para defender incondicionalmente a Lava Jato é sempre o combate à corrupção, eu também acho que o processo do triplex e o processo do sítio estão irremediavelmente corrompidos pela atuação escandalosamente parcial de quem deveria ser isento. Qualquer argumento contrário se espatifa no muro construído pela Constituição e pelo Código do Processo Penal, além de mais meia-dúzia de regras jurídicas das quais eu só ouvi falar, porque não sou advogada - mas também não sou idiota.
16. Não tenho a menor ideia do que vem por aí. Mas de tédio ninguém morre neste País."

Maria Alice Machado, no Facebook.

domingo, 23 de junho de 2019

Excertos de Morin -2

“O ‘self’… essa coisa que nos é simultaneamente
 tão estranha e tão próxima que permanece irreconhecível para nós, como um centro virtual de uma compleição tão misteriosa que tem o direito de reivindicar as exigências as mais contraditórias, o parentesco tanto com os animais como com os deuses, tanto com os minerais como com as estrelas, sem sequer provocar nossa surpresa nem nossa reprovação.”
Carl Jung, em “Um Ano Sísifo”, de Edgar Morin, ed SESC.

sábado, 22 de junho de 2019

Excertos de Morin - 1

Edgar Morin, em “Um Ano Sísifo” (ed. SESC):

“Não é absurdo que cada uma dessas máquinas, constituídas de bilhões de células tão bem organizadas, esteja destinada ao aniquilamento? Não é atroz que nossas máquinas, dotadas vitalmente de egocentrismo e de consciência de si, sejam conscientes de sua própria morte, bem como do desaparecimento de seu próprio mundo?”

sábado, 8 de junho de 2019

Do Fundo Do Meu Coração

Eu cada vez que vi você chegar
Me fazer sorrir e me deixar
Decidido eu disse: nunca mais

Mas, novamente estúpido provei
Desse doce amargo quando eu sei
Cada volta sua o que me faz

Vi todo o meu orgulho em sua mão
Deslizar, se espatifar no chão
Vi o meu amor tratado assim

Mas basta agora o que você me fez
Acabe com essa droga de uma vez
Não volte nunca mais pra mim
Acabe com essa droga de uma vez
Não volte nunca mais pra mim

Eu toda vez que vi você voltar
Eu pensei que fosse pra ficar
E mais uma vez falei que sim

Mas já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais pra mim
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais pra mim

Se me perguntar se ainda é seu
Todo o meu amor eu sei que eu
Certamente vou dizer que sim

Mas já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais pra mim
Acabe com essa droga de uma vez
Não, não volte nunca mais...

https://youtu.be/g_t4U2q-tvQ