sexta-feira, 30 de novembro de 2007

K-PAX e a explicação final

No excelente filme K-PAX, de 2001 - com Kevin Spacey e Jeff Bridges - Prot, o personagem de K. Spacey, afirma que os habitantes do planeta K-Pax sabem a verdade sobre os destino da humanidade.
Não está no Juízo Final, numa hecatombe planetária, em qualquer solução apresentada pelos adeptos da história linear, como os cristãos, os muçulmanos, etc.
Nem está na eterna reencarnação, ora como cão, ora como formiga, empresário, rainha de Sabá e etc, como defendem as religiões orientais e os kardecistas.
Não. O destino da humanidade é repetir eternamente a mesma vida, over and over again, como diriam os gringos, sem mudanças, sem juízo, sem evolução...
Já imaginou?

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Esteriótipos, rótulos, etc - 2

Há dois tipos de pessoas:

As que tem blogue, e as que não...

Esteriótipos, rótulos, etc

Traduzo um livro em que o autor, a certa altura, diz que há dois tipos de pessoas.
A TV mostra uma propaganda de telefone na qual a empresa classifica as pessoas que possuem telefones celulares em dois tipos.
Há mais de 6 bilhões de habitantes neste planeta Terra. Segundo os cientistas, nenhum é exatamente igual a outro - a não ser que já tenham clonado alguém sem que saibamos.
Por que, então, temos essa mania de rotular, classificar, equiparar as pessoas umas com outras, em processo ridículo de tentativa de redução da diversidade espantosa do ser humano???
Não há dois tipos de pessoas!!!! Há milhares, milhões, bilhões de tipos de pessoas.
Esse é o terror e maravilha do ser humano - ninguém é igual a ninguém.
Salvo engano.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

96- DEZ SEM QUERER... (O Tempo Passa...)

Estudar Geologia na USP foi uma das grandes e deliciosas experiências da minha vida. Aprendi muito, viajei muito – viagens educativas, bem entendido – refleti muito, porque, ao contrário da impressão que passa, o curso era, na época, freqüentado por gente “cabeça”, politizada – até demais – e culturalmente engajada.

O difícil era aguentar algumas matérias e alguns professores. Poucas e poucos, por sorte, eram, como direi, irrelevantes. Ou chatices puras.

Umas das matérias chatas, com professor idem, era ligada a astronomia. Pra dizer a verdade, nem me lembro mais o nome da matéria. Foi um semestre só, mas difícil de engulir. A matéria em si não era complicada, por isso, quando chegou o final do semestre e o exame, eu não estava preocupado.

Das dez questões apresentadas, fui respondendo uma a uma até chegar na última. Percebi que era uma pergunta mais trabalhosa. Olhei para a minha folha de prova e vi que estava recheada de respostas, o que me assegurava aprovação na matéria. Como já era hora do almoço, deixei a última questão em branco, entreguei a prova e saí.

Esperava pelos colegas no pátio da escola, quando um deles saiu e me disse: “Ué, Rubens, porque você não respondeu a última questão?”. Disse-lhe que as outras nove respondidas já me garantiam aprovação, mas ele retrucou: “Ah, não! Era um pergunta fácil. Eu não resisti, peguei sua prova da mesa do professor, voltei para meu lugar e respondi. Fica tranqüilo, imitei tua letra direitinho...” Surpreso, só pude rir e torcer para que o professor não descobrisse que aquela não era a minha letra.

Mas tudo correu bem. Terminei o semestre com “10” de nota na matéria. Sei que não merecia, mas... fazer o quê?

Tarefa do Dia

A coisa mais importante que você pode fazer hoje é visitar a Bacia e ler o texto do Brabo.
Se o fizer, pode dar o dia como ganho.

(PS - veja o video. Tá certo, já tem um ano, mas continua emocionante e empolgante.)

Um abraço a todos!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Contribuições de grandes sábios judeus

"...o primeiro deles foi Moisés, que tem a revelação no alto do monte Sinai e ergue as mãos para o alto a fim de receber a Lei. E dá a primeira grande explicação da vida: "tudo vem do céu". A seguir, é a vez de Salomão... ele baixa as mãos do céu para a própria fronte: "tudo vem daqui... da sabedoria, da luz da justiça e da inteligência... tudo vem da cabeça". Poucos anos se passam, e chega Cristo. Faz a mão descer ao coração: "tudo é amor... ama teu próximo como a ti mesmo, tudo vem daqui, do teu coração". Coisa, aliás, que funcionou às mil maravilhas até que surgiu Marx, que fez a mão descer ainda mais, até o estômago: "tudo está aqui... os verdadeiros conflitos, o significado dos sentidos e filosofias da vida estão na economia... aqui! tudo está na barriga". Mas não tardou aparecer Freud. Deixou a mão escorregar ainda mais para baixo, com todo respeito, até às 'partes'... enfim, libertinas, amatórias. E explica: "o sentido profundo de tudo está aqui, eroa, psique, loucura, arte, vida e morte... tudo se resume aqui, no sexo". A esta altura, aparece Einstein e lhes dá um basta: "atenção, rapazes... cuidado... tudo é relativo!!!"

de Lina Wertmuller, grande cineasta, no romance "A Cabeça de Alvise"

sábado, 24 de novembro de 2007

Frases

"Melhor que isso, só se for verdade!"

Do meu amigo e padrinho Geraldo Valim (saudade, sô!)

Cristão

Uma resposta a Richard Dawkins, à moda de Nhô Cornélio Pires (meu tio-avô):

Um ateu dirigia seu veloz e potente carrão por uma poeirenta estrada, quando viu-se perdido em uma bifurcação. Vendo um caipira roçando uma lavoura ali perto, aproximou-se e perguntou onde chegaria indo pela direita. O caipira olhou bem para a estrada, tirou o chapéu de palha, coçou a cabeça e disse: "Ó seo moço, indo por estas banda num sei donde vai dá não sinhô." O homem perguntou para onde ia a estrada à esquerda. Depois de ruminar um bocadinho, o caipira responde: "Ó seo moço, indo por aquelas banda num sei donde vai dá não sinhô."
Irritado, o ateu perguntou: "Afinal, o senhor não sabe nada?!
O caipira cofiou a barba rala lentamente, assentiu devagar com a cabeça e respondeu:
"Ó seo moço, sabê eu num sei nada não... mas eu num tô perdido!"

Notícia velha

Na sala de espera do oftalmologista, aproveitei o tempo vendo algumas das revistas espalhadas sobre a mesinha. Uma "Veja S. Paulo" de maio deste ano trouxe-me de volta antigas sensações.
A notícia informava sobre a inauguração da maior livraria da américa latina, a Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. Mais de 4 mil metros quadrados de loja, tem até um teatro! A ampliação da tradicional loja ocupou o espaço do antigo Cine Astor.
Quantas lembranças! Quando adolescente, o Cine Astor era o meu preferido - largas poltronas, muito espaço para as pernas, tela imensa, próximo de casa. Foi lá que assisti a filmes memoráveis como "Easy Rider", "Help", "A Noviça Rebelde".
A livraria, na época, bem menor, era um refúgio por onde eu passava frequentemente a caminho de casa. Ficava tempo lendo os títulos, "orelhas", e admirando as capas. Cheguei a ler alguns "Tintim" e "Asterix" inteiros, aos pouquinhos, nos corredores da loja. E me extasiei com as ilustrações belíssimas dos enormes quadrinhos do "Tarzan", "Príncipe Valente", "O Fantasma-que-anda", "Valentina" e outros. Foi nesta loja que "achei" Tolkien, Frodo, Aragorn, e o mundo fantástico da "Terra Média".
A loja e o cinema, vizinhos, ficam no início da parte - naquela época, "quente" - da Rua Augusta. Como não haviam os shoppings, nela passeávamos, paquerávamos, fazíamos compras e tudo mais.
Na minha próxima ida a S. Paulo, quero visitar a nova Livraria Cultura. Mas vou sentir saudades da velha loja e do meu cine preferido.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Homenagem à minha médica...

"...era capaz de saber o que tinha um doente só pelo seu aspecto, e cada vez desconfiava mais dos medicamentos comerciais e via com alarme a vulgarização da cirurgia. Dizia: 'o bisturi é a prova maior do fracasso da medicina'. Achava que dentro de um critério estrito todo remédio era um veneno, e que setenta por cento dos alimentos correntes apressavam a morte..."

Gabriel García Márquez, em "O Amor nos Tempos do Cólera", descrevendo o Dr. Urbino, mas também poderia estar descrevendo a Elaine, minha esposa, amiga e médica homeopata.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

95- BERMUDA NO CINEMA (O Tempo Passa...)

Mudei-me, com mulher e dois filhos pequenos para Sorocaba, cidade do interior de São Paulo. A vida ainda corria mansa por lá, com sotaque típico, vai-e-vem na praça, e o sobrenome falando alto.

Mas já havia um shopping center! É, a cidade perseguia a modernidade e tinha até um “shopping”, com lojas, supermercado e cinemas. Sim, duas salas de cinema de “alta qualidade” (nem tanto...).

Sempre gostei de cinema e assim, quando surgiu uma chance, fomos a uma sessão. Aqui, um parêntese. Sorocaba é uma cidade quente no verão, muito quente. As temperaturas beiram frequentemente os 30 a 35 graus. Aliada à temperatura, o “jeitão” simples da cidade permitia andar com roupas leves e descontraídas. Eu até costumava a dizer que se você encontrasse na cidade um homem de terno e gravata no verão, podia apostar em duas alternativas: ou era um “estrangeiro” ou estava a caminho do fórum para uma audiência ou da igreja, para um casamento. Fecha parêntese.

Cheguei com Elaine na entrada do cinema, ela com uma roupa bem verão, eu, de bermuda. Qual não foi minha surpresa e indignação quando o porteiro do cinema disse que eu não poderia entrar! Perguntei por que e ele disse que não era permitido entrar na sala do cinema de bermuda. Oras, disse eu, e as mulheres de mini-saia, podem? Ele disse que não havia nenhum impedimento para as mulheres de mini-saia. Ah, me deu uma vontade de comprar uma mini-saia numa loja qualquer daquele shopping... queria ver se ele me impediria... mas a vontade de ver a fita foi maior do que a de brigar. Fui pra casa, troquei a bermuda por calça comprida e voltei para o cinema, bufando de raiva por ter perdido os primeiros minutos da fita.

Pouco tempo depois a regra caiu em desuso, talvez por excesso de transgressores, talvez por terem percebido o ridículo da situação.

Seja como for, ir ao cinema de bermuda tem, para mim, um sabor especial.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

"Viver...

...é um processo coletivo de aprendizado..."

Frase do paraninfo da turma de formandos em medicina em Pouso Alegre, bucólica cidade do sul de Minas, em seu discurso aos novos médicos, na cerimônia de colação de grau - 16/11/2007.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

94- NATAL COM NEVE (O Tempo Passa...)

No Brasil a neve é caso raro, raríssimo, digno de sair no noticiário nacional da televisão. Então, quando fui aos EUA como intercambista, em 1970, esperava ter a chance de ver neve, muita neve. Mas a deliciosa Salisbury - NC, pequena e agradável cidadezinha onde morei não tinha neve com freqüência. Nevava, sim, todo inverno, mas apenas em alguns dias e em pequeno volume.

Assim, quando o inverno chegou, comecei a acompanhar o noticiário meteorológico pra ver se anunciavam alguma nevasca... nada! Os dias se passavam, o fim do ano foi chegando, as temperaturas cada vez mais congelantes (para os meus padrões, pelo menos), mas nada de neve. Até que chegou o Natal.

Na noite de Natal fomos à igreja, para uma bela e emocionante cerimônia com muita música natalina, e depois tivemos um deliciosa ceia. Lá pelas dez horas da noite, alguém entra em casa, vem me dizer que estão caindo alguns flocos de neve !!! Saí pra varanda e me assombrei com o espetáculo que davam os pequeninos flocos brancos caindo na noite. Foi legal demais!!! E melhorou, pois a neve caiu mais forte e, em pouco tempo cobria o chão o suficiente para sairmos com os “sledges” – pequenos trenós – com os quais descíamos a rua em ladeira onde morava uma amiga. Foi uma noite inesquecível por mais de um motivo. Eu finalmente sabia o que significava “White Christmas”.

domingo, 11 de novembro de 2007

sábado, 10 de novembro de 2007

Georgia

O blog "Saia Justa" é um dos muitos blogs bem interessantes deste enorme universo que é a blogosfera.
E a Georgia fez a gentileza de me homenagear em uma lista de blogs que ela considera respeitáveis. Não conheço todos da lista dela ainda, pretendo visitá-los à medida do possível, mas me senti honrado em estar ao lado de gente como a Chris, o Lou e a Alê.
Tem muita gente escrevendo coisas sérias, engraçadas, lindas, profundas, sinceras, todos os dias e sinto-me privilegiado em poder ler e absorver a beleza de seus textos. Como a Georgia, por exemplo.
Obrigado, amiga próxima e distante, pela honraria. Tentarei, em breve, listar alguns dos blogs que faço questão de visitar sempre que posso.
Para quem não conhece, sugiro uma visita aos acima mencionados. Vale a pena!
Abraços,
Rubens

terça-feira, 6 de novembro de 2007

93- O BEIJA-FLOR DO TORIBA (O Tempo Passa...)

Campos do Jordão - turística cidade de montanhas em São Paulo - há muitos anos, foi um dos lugares preferidos para férias e feriados da família. Usufruíamos do direito de usar uma casa no bairro de Umuarama, próximo ao hotel de mesmo nome, pagando pouco.

Em Campos do Jordão as caminhadas são um “must”, sempre morro acima ou morro abaixo, e para nos fornecer energia meus pais compravam caixas de um bastão de chocolate chamado "Batom" - que ainda hoje existe - e lá íamos nós.

Uma das caminhadas favoritas, em parte porque as ladeiras eram poucas, mas também porque o caminho era lindo, levava-nos ao Hotel Toriba - um cinco estrelas de "babar" - que tinha vários atrativos: uma vista monumental, uma arquitetura belíssima e um jardim enorme e extremamente bem cuidado. No verão, o jardim enchia-se de flores e com elas vinham os beija-flores. O hotel então instalava alguns bebedouros para aves ao longo da passarela do jardim. Assim, podíamos observar os passarinhos bem de perto, junto às flores ou sugando água nos bebedouros.

Uma vez, eles estavam em grande quantidade, e acostumados com a inofensiva presença humana, nem se incomodavam em fugir, quando passávamos por perto. Aproximei-me de um bebedouro e em instantes os bichinhos, que haviam voado ressabiados, voltaram e continuaram a beber água em vôo imóvel, típico dos beija-flores. Metido a besta, como sempre, coloquei o dedo indicador esticado na horizontal bem abaixo de um bico de água e esperei. Logo uma ave veio beber neste bico do bebedouro, as asas em movimento, bebia sem se apoiar em nada. Mas percebeu que logo abaixo dele havia um dedo firme, imóvel. Então, lentamente, baixou uma das patas em direção ao dedo. Pousou-a, firmou-se, mas continuou agitando as asas. Resolveu que valia a pena arriscar-se e pousou a outra pata, ainda voando. Como viu que eu estava resoluto em não me mexer, fechou suas asas e sorveu alegremente a água sem gastar energia batendo asas. Quando ficou satisfeito, voou de volta para as flores, sem uma palavra de agradecimento.

Mas eu, eu estava extasiado de alegria...