terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Alhos com Bugalhos

Amiga postou no Facebook uma foto na qual atribuem ao papa Francisco afirmações religiosas MUITO polêmicas. Ela reproduz a foto e adiciona ferozes críticas à postura do papa.
Entrei, como sempre faço, na postagem original e vi que aquelas declarações estavam sob suspeita de não serem verídicas.
Comentei e acrescentei que divulgar aquela postagem era inconveniente pois corria o risco de estar espalhando uma inverdade.
A reação ao meu comentário foi, no mínimo, estranha.
Fui repreendido, tanto por ela quanto por um outra amiga, por estar "defendendo heresias" e apoiando um papa herético, líder de uma igreja herética.
Gente, o que é isso? Ajudem-me, por favor!
Estaria eu me referindo ao conteúdo das mensagens? Estaria eu dando apoio ao papa e suas pretensas "heresias"?
O que foi aquilo? Eu, de boa fé e em nome da amizade, com intuito de evitar que minha amiga passasse por "boateira", "fofoqueira", caluniadora e recebo uma avalanche de críticas como se minha intervenção fosse um ataque à amiga, uma defesa de doutrinas indefensáveis...
Meu, foi punk...
O que fiz: Despedi-me, na boa, da amiga, "sem ressentimentos" e deixei pra lá...
Fazer o quê? Estão misturando "alhos com bugalhos" e isto tem se tornado MUITO comum, infelizmente.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Reforma do Pensamento - Edgar Morin - 1

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"Todas as crises da humanidade planetária são, ao mesmo tempo, crises cognitivas."
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"Submersos na superabundância de informações, para nós fica cada vez mais difícil contextualizá-las, organizá-las, compreendê-las. A fragmentação e a compartimentalização do conhecimento em disciplinas não comunicantes tornam inapta a capacidade de perceber e conceber os problemas fundamentais e globais."
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"Nosso modo de conhecimento fragmentado produz ignorâncias globais."
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"[A reforma do pensamento] trata-se de substituir o paradigma que impõe o conhecimento por disjunção e redução, por um paradigma que pretende conhecer por distinção e conjunção."
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"Pascal: Todas as coisas sendo causadas e causantes, ajudadas e ajudantes, mediatas e imediatas, e todas interligando por um laço natural e insensível que liga as mais distnates e mais diferentes, considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, e não menos impossível conhecer o todo sem conhecer particularmente as partes."

Edgar Morin em "A Via"

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A função dos cães

Perdi a Hilda.
Minha querida pastor alemão sumiu num fim de semana que eu não estava em casa.
Ao voltar pra casa, dei início a uma busca quase frenética:
Postei um apelo no Facebook; conversei com meus vizinhos; consultei a filha - veterinária sabe dessas coisas - sobre o que fazer e ela fez uma postagem com enorme repercussão no FB; imprimi uns cartazes e os distribuí pelo bairro. Um conhecido dispôs-se a correr o bairro comigo a perguntar por ela.
No dia seguinte, 5 dias depois de sumida, a Hilda voltou pra casa. Haviam-na achado a 3 quilômetros de casa e dado água, ração e atenção até acharem o proprietário - eu.

Logo após o retorno da fugitiva, voltei aos locais onde havia deixado os cartazes e pedi para retirá-los porque a cachorra havia sido encontrada. Sem exceção, todos deram suspiros de alívio, "graças a Deus!" fervorosos e efusivos "parabéns!", "que bom!". Uma jovem balconista de loja até me disse que havia sonhado com ela e se manifestou sinceramente feliz com o desfecho.
Nos dois dias seguintes, recebi dois telefonemas e um whatspp de pessoas que haviam visto um cão parecido com a Hilda e queriam me informar. Ao saberem do seu retorno sã e salva, cumprimentaram-me pelo fato e um até diss estar rezando por mim e pela Hilda.
A mesma coisa aconteceu no Facebook: as pessoas, algumas da quais nem me conhecem direito, deram vivas pelo meu reencontro feliz com minha cachorra.

O que isto quer dizer? Como interpretar esses gestos de solidariedade? Como pode um cão provocar reações de empatia incondicionais?
Sim, porque ninguém, em tempo algum, perguntou-me qual era minha religião, ninguém pediu-me antecedentes criminais, prova de heterossexualidade, minha opinião sobre a Dilma, o Corinthians ou o funk. Na verdade, pouco se lhe importava quem eu era, o que pensava, quais eram meus valores. O importante era que EU HAVIA PERDIDO A HILDA  e isso sobrepunha-se a qualquer diferença que poderia haver entre nós. A preocupação pelo bem estar da Hilda nos fez todos irmãos.
Quase sinto pena de tê-la achado...