sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Lembranças - Z. Bauman

"A memória é uma bênção ambígua. Mais precisamente, é ao mesmo tempo uma bênção e uma maldição lançada sobre alguém. Pode "manter vivas" muitas coisas de valor profundamente desigual para o grupo e seus vizinhos. O passado é uma grande quantidade de eventos, e a memória nunca retém todos eles. E o que quer que ela retenha ou recupere do esquecimento nunca é reproduzido em sua forma "prístina" (o que quer que isso signifique). O "passado como um todo" nunca é recapturado pela memória. E se o fosse, a memória seria francamente um risco e não uma vantagem para os vivos. Ela seleciona e interpreta - e o que deve ser selecionado e como precisa ser interpretado é um tema discutível, objeto de contínua disputa. Fazer ressurgir o passado, mantê-lo vivo, só pode ser alcançado mediante trabalho ativo - escolher, processar, reciclar - da memória."

(Zigmunt Bauman, em "Amor Líquido")

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

De quem é o lixo?

De quem é, afinal, o lixo que produzimos diariamente?
Porque, segundo parece, ao nos desfazermos do lixo, em sacos plásticos colocados no lado de fora de nossas casas, ele não mais nos pertence...
Mas, pertence a quem?
As Prefeituras recebem a "taxa de lixo" que, supostamente, cobre os custos de coleta e destinação do lixo doméstico. Seriam as Prefeituras, as novas proprietárias do lixo que produzimos?
Sem dúvida, não agem como tal. Parecem mais intermediários que se encarregam apenas de mudar o lixo de lugar. No caso de minha cidade - Sorocaba - a transferência se dá para outro município!!! Sim! Exportamos lixo!!! (um absurdo...)

Sou vizinho de um condomínio residencial - o Residencial Ibirapuera - que trata seu lixo como algo que não lhe diz respeito. O máximo que fazem é colocá-lo - e muito mal acondicionado - em uma lixeira pequena demais para o volume crescente de lixo produzido e... dane-se o resto!!!
Em pouco tempo, o lixo começa a espalhar-se pela rua, e sobra muito, caído dos sacos antes de recolhidos pelos caminhões contratados pela Prefeitura, que só recolhem os sacos.
Resultado: o vento e a inclinação da rua faz com que esse lixo se deposite na entrada da minha casa. São papéis (inclusive higiênico), plásticos, e até gaze e algodão - usados, sabe Deus como - parados na entrada de casa.
Já fiz mais de uma reclamação, ilustrada com fotos e não obtive nenhuma ação para solucionar. É como se esse lixo não fosse mais deles. Mas é, e continuará sendo, até que deem um destino apropriado a ele.
Enquanto isso, comecei a recolher este lixo e depositá-lo em frente a entrada do Residencial Ibirapuera.
Agora, torno público essa situação. Quem sabe, movidos pela vergonha, tomem providências...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O sofrimento de todos não é maior do que o de um só homem

"Nenhum clamor de tormento pode ser maior que o clamor de um homem.
Ou, mais uma vez, nenhum tormento pode ser maior do que aquilo que um único ser humano pode sofrer.
O planeta inteiro não pode sofrer tormento maior do que uma única alma."

(Ludwig Wittgenstein, citado por Zigmunt Bauman em "Amor Líquido - sobre a fragilidade dos laços humanos", excepcional livro da ed. Zahar)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Egoismo e Ganância

Querem me convencer, inutilmente (apesar dos incansáveis esforços) que o egoismo e a ganância - devidamente incentivados pelo liberalismo econômico - são os motores do progresso humano, os responsáveis por todos os avanços da civilização, enfim, por tudo de bom e belo que desfrutamos na sociedade moderna.

Arrepia-me tais tentativas, de nojo e asco. 

Dói-me o coração saber que existem pessoas cegas, iludidas ou maldosas e maliciosas o suficiente para defender tal ignomínia. Não fazem bem nem à humanidade, nem a si mesmas. Apenas ajudam a perpetuação de uma civilização atroz, que permite e ceva atentados a humoristas na Europa, genocídios religiosos na África e o assassinato patrocinado pelo Estado (a pena de morte) na Indonésia (entre outros países).

Que Deus tenha piedade dessas pobres almas...

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

A Realidade e a Narrativa

Será? E se não é, como é?

"A Realidade é a Narrativa compartilhada por todos"

("The Librarians", série da Universal Channel)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A Crise do Desenvolvimento - Edgar Morin

Globalização, ocidentalização e desenvolvimento: a exemplo da Trindade Cristã, uma mundialização simultaneamente una e tripla.

O termo "desenvolvimento" tornou-se a palavra-chave que adorna o complexo trinitário com um rótulo de solução e progresso; ainda é considerado como via de salvação e progresso para a humanidade.

O crescimento é concebido como o motor evidente e infalível do desenvolvimento, e o desenvolvimento, como motor evidente e infalível do crescimento. Ambos, fim e meio um do outro. 
"Qualquer um que acredite que um crescimento exponencial pode durar para sempre num mundo finito ou é um louco, ou um economista!" (Kenneth Boulding)
A ideia fixa de crescimento deveria ser substituída por um complexo que comportasse diversos crescimentos, diversos decrescimentos, diversas estabilizações.

("A Via", de Edgar Morin. E eu estou só na página 28!!!)