segunda-feira, 31 de março de 2014

O Coletivo e o Individual

"São bilhões de cidadãos no mesmo planeta com a missão de conviver entre si e com o meio ambiente. Cada ser humano tem o privilégio de pensar individualmente e a responsabilidade de agir coletivamente.
Esta constatação é o cerne de todos os problemas ambientais causados pelo homem. Por discordar da sua responsabilidade, os seres humanos causam tantos danos ao planeta e à própria vida."

(http://vivaitabira.com.br/viva-colunas, publicado no informativo interno da Prefeitura de Sorocaba, março de 2014)

quarta-feira, 19 de março de 2014

Observações de um turista distraído - 9

Pastel de Angu

Estradas de Minas Gerais: sempre tão interessantes, paisagens, montanhas, rios, cidades, fazendas, cachoeiras.
E uma coisa nos chamava a atenção. Volta e meia aparecia algum cartaz, placa à beira da estrada propagandeando um restaurante, lanchonete, buteco. E ofereciam as delícias da cozinha mineira: queijos, linguiças, pães de queijo, comidas variadas e... pastel de angu!!!
Angu é um cozido de fubá, antigo e popular. Comida de antigamente, como se diz. Agora, fazer um pastel com angu, nunca tínhamos visto. Nem comido.
Pois quando se apresentou a oportunidade, aceitamos rapidinho a oferta da Aline, lá em Tabuleiro, de nos fazer uns pasteis de angu. Ao chegarem vimos que se trata de um pastel como outro qualquer, frito, com recheio. Mas a diferença é que a massa do dito não é feita de farinha de trigo, como os nossos aqui em terras paulistas. É feito com massa de fubá, o que lhe dá uma cor dourada, um aspecto crocante e um sabor... huuuuummmmm... DE-LI-CI-O-SO!!!!
Tá servido?

sexta-feira, 14 de março de 2014

Gentes, árvores, viagens e o sentido da vida

Viajamos, Elaine e eu, por Minas Gerais durante 25 dias de fevereiro. Visitamos 15 cidades, rodamos mais de 3 mil quilômetros.
Vimos 2 grutas (Lapinha e Maquiné), dezenas de cachoeiras (inclusive Tabuleiro, a terceira mais alta do país, com 273 metros), igrejas centenárias, lobos-guará, minas, museus (inclusive o espetacular Inhotim), restaurantes deliciosos, e cenários fabulosos, lindíssimos.
De tudo que vimos e conhecemos, o que nos causou maior prazer, deixou as melhores lembranças não foi nada disso. Foram as pessoas que encontramos pelo caminho.
A começar pela visita que fizemos à Fani, amiga de infância nossa filha, a quem queremos bem como se fora filha também. Ela, seu irmão e sua cunhada fizeram de nossa primeira parada em Conselheiro Lafayete uma extensão do nosso lar. Foi bom demais revê-los, conhecer sua pequena padaria, de onde sai pão quentinho toda hora.
Em Caraça, conhecemos o padre que se esmera por oferecer toda a noite, uma refeição nutritiva aos lobos-guará, que a recebem como se fosse dádiva divina, no adro do belíssimo santuário gótico do Caraça. Além da experiência transcendental de vê-lo dar os alimentos de forma tão respeitosa, o padre é profundo conhecedor dos hábitos e características desses maravilhosos animais, que vivem uma vida selvagem, exceto pelos curtos minutos quando se alimentam do que lhes dá o padre.
Subindo sempre em direção ao norte, ao longo da Serra do Espinhaço, conhecemos muitas cachoeiras, em longas trilhas pela Parque S. do Cipó, acompanhados por Pablo, mais do que um bom guia, excelente jovem, correto, animado, que fez dos nossos passeios real diversão.
A próxima parada foi no distrito de Tabuleiro, para conhecer a famosa cachoeira. Mas antes, Aline, uma simpática dona de bar no vilarejo, não só nos ofereceu comida simples feita com capricho, como pôs-se a conversar conosco, pernas dobradas sobre o banco atrás do balcão, oferecendo sinceramente seu olhar atento, analítico, perspicaz e divertido sobre fatos corriqueiros e assuntos graves, enquanto matávamos a fome e a sede.
Já em Milho Verde, um (ainda) pequeno paraíso em pleno Espinhaço, Margot e Gaia nos hospedaram em sua pousada – a Luar do Rosário -, tão linda quanto simples, tão bucólica quanto alegre. A hora do delicioso café transformou-se cada manhã em prosa gostosa, tranquila, alegre. E as histórias de vida das duas sócias serviram de alento, inspiração, aprendizado para nós.
E chegamos à nossa última parada, onde uma garotinha de 12 anos – a Laura - nos encantou com seu modo vivo, genuíno, colorido de nos guiar pela Casa de Guimarães Rosa, em Cordisburgo, não só dando as informações precisas sobre cada aposento da casa, como também nos contando um pequeno texto do escritor com tal desenvoltura e brilho que enxergamos a cena descrita com toda a emoção e detalhe que o autor desejou dar.
Voltamos. Estávamos cansados de tanta estrada, tanta paisagem, tantas novidades. Mas sentíamos que ganháramos muito ao conhecer tais pessoas.
De volta, uma amiga do Facebook propõe a seguinte reflexão: “Os frutos são mais importantes que as folhas ou flores”. E acrescentou que a razão de ser de uma árvore é frutificar. Ousei discordar: disse que a razão de ser de uma árvore é ser uma árvore.
É lógico que falávamos por símbolos.
E quando me referi a “ser árvore” eu pensava na Fani (e não na padaria), no padre (e não na igreja), no Pablo (e não nos seus préstimos de guia), na Aline (e não no seu bar), na Margot e na Gaia (e não na Luar do Rosário), na Laura (e não nos seus conhecimentos sobre o grande G. R.). Seu valor não está naquilo que fazem (e o fazem muito bem), mas naquilo que são (pessoas extraordinárias), e que por serem assim tornaram nossa vida mais rica e nossa viagem, mais feliz.

Obrigado, amigos!!!