sexta-feira, 31 de julho de 2009

A fuga e a mentira - 1

"A melhor maneira de fugir é ficar parado. Lição que o burriqueiro Zero Madzero aprendera com a imbabala, a gazela dos matos densos. É a fuga da presa que engrandece o caçador. O ficar imóvel é o mais astuto modo de enfrentar o predador: deixar de ter dimensão, converter-se em areia do deserto. Desaparecer para fazer o outro se extinguir."

Mia Couto em "O outro pé da sereia", da editora Companhia das Letras.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Bla, bla, bla...

Foi assim que a Kalunga respondeu à minha reclamação quanto à postura imbecil da empresa em relação a política de "troca de mercadoria":
(pra quem não se lembra, o motivo da minha reclamação foi exposto aqui)

Prezado Senhor Rubens,
Agradecemos seu contato e lamentamos que seja por motivo de descontentamento, pois a Kalunga preza pela atendimento prestado ao seus clientes.
Salientamos que suas observações foram levadas ao conhecimento da Gerência Comercial, para analise e possibilidade de considerações futuras.
Ressaltamos que as manifestações dos clientes são tidas pela Kalunga como importantes oportunidades para aprimorar produtos e serviços, pois permite intensificar nossos esforços no aprimoramento no que diz respeito ao atendimento que prestamos.
Att.,
Fátima Carvalho - SACK
Kalunga Com. e Ind. Gráfica Ltda.
Tel./ Fax: (11) 3346-9966
fatimacarvalho@kalunga.com.br
www.kalunga.com

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A viagem não começa

"A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atravessam as nossas fronteiras interiores".

Leio, entre surpreso e extasiado, no livro "O outro pé da sereia", do moçambicano Mia Couto, publicado pela Companhia da Letras.

Apesar de ter lido apenas 1/4 do texto, já achei dezenas de pérolas dignas de reprodução e reflexão. Pretendo postá-las aos poucos.

A frase acima reflete bem a sensação que me vem ao ler alguns dos blogues que acompanho: pareço estar em outro país, olhando outras cores, ouvindo outros sons, sentindo outros sabores. Um estranhamento magnético que não me permite deixar de sonhar acordado, mesmo depois de me desligar da blogosfera. Pensamentos que nunca tive, observações que nunca fiz, conclusões que nunca tirei, algumas chocantes, outras, sublimes me fazem sentir como numa viagem, uma viagem de crescimento interior...

sábado, 25 de julho de 2009

122 - Programão pra sexta-feira (Tempo Passa...)

PROGRAMÃO PRA SEXTA À NOITE



Não dá outra. Se você quiser comer uma pizza, passe em casa em qualquer sexta-feira. Tornou-se uma mania, quase uma obsessão, comer pizza às sextas-feiras em casa. Já faz anos, nem sei quantos, que temos esse costume.

Inicialmente comprávamos pizza pronta “pra viagem” em uma pequena pizzaria “delivery” que existia perto de casa. Depois que ela fechou por motivo de mudança dos donos, resolvemos comprar pizzas congeladas. É só esquentar o forno, colocar por 15 minutos e, “presto”!!!

Os sabores variam; pode ser “quatro formaggi”, lombo com catupiry, frango com muzzarela ou a original de muzzarela. Antes de colocar no forno, coloco um pouco mais de orégano e, raramente, parmesão ralado. Ultimamente acrescentamos folhas de rúcula, bem frescas e lavadas, que salpicamos por cima da pizza quente. É uma delícia!

Longe de ser uma despesa, é bem econômico porque uma só é suficiente para Elaine e eu. E a gente ainda pode comer enquanto assiste a um filme na TV.

Depois de tantos anos, ainda não nos cansamos, a ponto de lamentar toda vez que por algum motivo não estamos em casa na sexta-feira para saborear uma simples pizza...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Que língua, a nossa!!!

Não sou purista, que isto fique claro. Não exijo de ninguém um português impecável. Gosto de escrever "pra", "procê", "óia" e outras bobagenzinhas. E apesar do Roger me achar um chato, porque andei corrigindo o português "alemãozado" dele, só o fiz por pura diversão. Verdade! Erros são humanos, e somos todos humanos, certo?
É diferente no caso dos canais pagos de TV. São empresas que recebem nosso dinheiro para prestar um serviço. É meu direito exigir que o serviço esteja à altura do (alto) preço cobrado!!!
Esclarecido?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Em português!, oh! my god!, em português!, please!!!

Minha esposa me diz, e ela tem razão, que me falta paciência, que eu tenho "tolerância zero". Que seja. Mas estou começando a sentir náuseas quando assisto televisão. Os erros de português se avolumam de tal forma, que já não me descem pela garganta!!!
Agorinha, no Canal AXN, vi uma propaganda de um filme no qual é anunciado um concurso de uma "viaJem" ao EUA. Fora as dezenas de vezes que escreveram com "c" palavras grafadas com "ss", conjugações verbais erradas, "s" no lugar de "z", "x" no lugar de "ch", preposições erradas, pronomes trocados, palavras terminadas em "n", e um excessivo número de "deslizes" imperdoáveis em empresas que "vendem" imagem, e, pior, eu pago por isso!!! E não pensem vocês que estou me referindo às legendas, não, senhor! É nas propagandas "institucionais" dos canais pagos "AXN", "Fox", "Warner Chanel", "Universal", "Sony", "A&E", "TNT", etc.
A desculpa que os canais tem sede em países de fala hispânica e por isso a dificuldade não procede. Se não tem competência, não se estabeleçam!!!
São todos ou incompetentes, ou uns burros analfabetos. Ou ambos!!!
O pior é tentar falar com a Anatel - a "nossa" agência reguladora das telecomunicações - para reclamar. O telefone 133 não atende, a ficha de inscrição para comunicação via e-mail não funciona, e todo o sistema é inoperante!!!
Bons tempos quando minha vista perfeita me permitia ler por horas a fio. Eu chutaria a TV paga para longe e me enfiaria nos livros. Ah, bons tempos!!!

Que diferença faz...

...é a pergunta que faço, quando desanimo. Que diferença faz tentar melhorar esse mundo, fazer o bem, preocupar-se com as pessoas, com o meio-ambiente, ser honesto, inconformado, ter esperança???
A letra da música "What's the difference", que eu pedi em postagem há um mês é a que me vêm à mente quando fico assim jururu e meditabundo:

So what's thew difference if you don't wake up
Então, que diferença faz se você não acordar
You won't know yourself, when you finnally do
Você não se conhece, quando finalmente conhecer
You'll look into some mirror and wonder what you're looking at
Vai olhar-se no espelho e perguntar o que é que está vendo
So what's the difference if you do
Então, que diferença faz?


(não se preocupem, é apenas uma tristeza momentânea que me veio a alma ao ler algo hoje, de Tony Campolo: “Enquanto você dormia ontem, 30.000 crianças morreram de fome ou de doenças relacionadas a má nutrição. E mais, a maioria de vocês nunca ajudaram em merda nenhuma. E o que é pior: você está mais perturbado com o fato de eu ter dito “merda” do que com a notícia de que 30.000 crianças morreram de fome na última noite.”)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dica da semana

Passe por e deixe a chinesinha Li Jie encantar teus olhos e ouvidos com J. S. Bach ao violão. Que coisa linda!!!

sábado, 18 de julho de 2009

Vingança de consumidor

Joelmir Beting, jornalista e comentarista econômico, disse que o consumidor, por não ter como, não se defende da voracidade das empresas, vinga-se apenas.

Hoje, faço minha vingança contra uma empresinha metida a besta: a Kalunga, rede de lojas de material para escritórios.

Comprei uma caixa de envelopes, coisa de 4, 5 dólares. Ao chegar em cas, percebi que não eram do tamanho correto. Como a embalagem estava intacta, inviolada, levei-a de volta à loja nodia seguinte, para trocar. Lá, fui informado que a loja não fazia trocas por "arrependimento". Isto é, apenas produtos defeituosos poderiam ser trocados.

Fui até o escritório do Procon - serviço de proteção ao consumidor - e lá me deram a informação que realmente a Kalunga estava exercendo um direito: o de não fazer trocas de produtos que não tivessem apresentado defeito.

Interessante notar que muitas outras empresas, grandes redes de vários ramos do comércio, fazem trocas sem impor impecilhos; apenas tem o trabalho de fazer a nota fiscal de devolução, etc. Mas a Kalunga, a Kalunga não!!!! Eles não tem interesse em ver satisfeitos os seus clientes, não necessita deles.

Pois eu também não!!! Fui cliente da Kalunga por muitos anos, comprei desde simples envelopes até "no breaks". E já a indiquei para muita gente. Não mais. Além de não comprar mais da empresa, vou enviar este texto para todos os meus contatos no Brasil.

Fará diferença? Provavelmente, não. Ela tem tantos clientes, o que poderá causar a perda de 3, 4, meia dúzia... nada!

Mas esta é minha vingança. Não preciso dela!!!! Ela que se vire sem mim! A Kalunga que vá a...!!!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Observações de um Turista Distraído - 21


Minha tia telefona:

- Sabe, estamos em férias e seu tio e eu pensamos em viajar um pouco. Aí lembrei da tua viagem à Serra da Canastra. Você acha que três dias são suficientes?

- Claro, tia! Vocês vão gostar muito!

Depois de dar algumas dicas de pousadas e passeios, desligo pensando: Três dias são suficientes para visitar as atrações turísticas... mas... na verdade, seria necessário muito mais tempo pra conhecer a Serra da Canastra, despojar-se da bagagem urbana e realmente aspirar o ar da serra. Pena que o tempo é curto para todos nós!

"Eles são ótimos pizzaiolos"

A frase, que tanto rebuliço está causando nos meios políticos, não é, nem de longe, a mais perspicaz e verdadeira com a qual Lula já se referiu ao Congresso Nacional.
Há muito tempo, quando ser presidente era ainda só um objetivo inalcançável, Lula disse, e os Paralamas eternizaram, a frase que diz tudo (ainda):

"São trezentos picaretas com anel de doutor."

(Clique aqui para ir ao site com a letra e você pode ouvir, pressionando o botão "ouvir")

Infelizmente, já não são trezentos, e não estão só no Congresso. Tem picareta em toda a Praça dos Três Poderes

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Lições de Beto Guedes

Já em 1981, Beto Guedes cantava "O Sal da Terra" (clique para ouvir) na qual denunciava:

"Terra, és o mais bonito dos planetas
Estão te maltratando por dinheiro,
Tu que és a nave, nossa irmã."

Hoje, ouvindo essa música enquanto lia as notícias sobre as atuais agruras do Senado, lembrei-me da frase que encontrei em plena Serra da Canastra (vide postagem anterior) e tudo se condensou na letra sensível, poética e verdadeira do compositor Ronaldo Bastos: "estão te maltratando por dinheiro"... Ô coisa besta!!!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Até quando?

Não gosto de política partidária. As poucas vezes que escrevo aqui sobre política é por dever de cidadão. Só.
Como é o caso.
Por favor, cliquem aqui e leiam a excelente crônica de Lucia Hippólito, jornalista de "O Globo", sobre o "imbróglio Sarney".
Não podemos nos calar, nos conformar, eleger e aceitar mais esse tipo de "política", esse tipo de "político".
Precisamos dar um basta à b...!

Desatando os nós...

"Enquanto isso, passo a passo, problema a problema, sigo desatando nós que a vida nos apresenta. A enorme dificuldade de fazer e assumir escolhas, sabendo ou não sabendo como seria, caso a opção fosse a outra."

(Verdade singela da Sra. Dona Urtigão)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Salada Mista

Os tais "decretos secretos" do Senado foram anulados. Já não era sem tempo. Falta anular o próprio Senado...

Hoje é o dia do Rock. O canal pago Multishow inovou ao mostrar, entre shows de bandas nacionais e estrangeiras, o curioso e alentador documentário sobre a atuação de Bono, da banda U2, a favor dos pobres e desprezados deste mundo. Nestes dias de luto pela perda de MJ, é confortante saber que há roqueiros envolvidos e dedicados a boas causas.

Nesta quarta-feira estréia mais um "Harry Potter". Assistirei, como fiz com os anteriores. A diferença é que não li o livro. Vou ao cinema "ignorante" da história. Veremos.

Três vítimas fatais da gripe suína no Brasil. Até onde vai, não sei, mas começo a ficar preocupado...

Observações de um Turista Distraído - 20

Vista parcial da Serra da Canastra, MG

O Berço do "Velho Chico"

A Serra da Canastra , em Minas Gerais, é a nascente do Rio São Francisco. Um lugar belíssimo, que emociona mesmo quem não sabe da importância e imponência deste rio na vida brasileira. Um lugar para se conhecer.
Elaine e eu ficamos 3 dias embevecidos pelas paisagens, mesmo neste inverno sêco, imaginado como deve ser no verão: maravilhoso!
Após visitar o platô onde fica a nascente do rio, fomos à cachoeira Casca D'Anta, a primeira do Velho Chico, com "meros" 180 metros de queda d'água!!!
Foi um passeio aventureiro e delicioso.

Elaine, aos pés da Casca D'Anta

sábado, 11 de julho de 2009

Ao homem no espelho

If You Wanna Make The World A Better Place Se você quer fazer do mundo um lugar melhor
Take A Look At Yourself And Then Make That . . . Dê uma olhada em si mesmo e faça a...
Change! Mudança!
I'm Starting With The Man In The Mirror, Vou começar com o homem no espelho
I'm Asking Him To Change His Ways Pedindo-lhe que mude seus modos
No Message Could Have Been Any Clearer Não pode haver mensagem mais clara

(M. Jackson em "Man in the Mirror")

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O caos e o Senado

Interessante as conexões que a mente faz, não?
Vejam, eu estava ouvindo a música dos Paralamas (clique aqui para ver/ouvir), quando uma frase - que sempre havia associado à violência urbana - de repente salta ao olhos suas implicações políticas.

"...no caos ninguém é cidadão
as promessas foram esquecidas
não há estado, não há mais nação."


Estariam a se referir ao Senado Federal?!?!?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Observações de um Turista Distraído - 19


A ponte para lugar nenhum...

As Montanhas Apalaches, nos Estados Unidos, tem lugares belíssimos para se visitar. No inverno, há pistas de sky; no verão, o ar fresco das montanhas é delicioso.
Elaine e eu visitamos Steve, meu "irmão americano", em 2007. Chamo-o assim porque morei em sua casa quando fiz intercâmbio do AFS, em 1970-71, e desde então, ele, seus pais e irmãs passaram ser "minha família americana". Ele mora em Boone, uma adorável cidade nas montanhas da Carolina do Norte.
Um dia, fomos a um park lindíssimo, apesar do tempo nublado. A atração era a ponte pênsil no alto da montanha, sobre uma garganta muito profunda, com mais de mil metros de altura. Ao chegarmos lá, o espetáculo foi outro. A ponte parecia flutuar na névoa, indo para "sabe-se lá onde"!!! Impressionante, não?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

MJ e o culto à performance

Excepcional a idéia do Juber de trazer um antigo texto do Brabo à mente justo neste momento de referência mundial à pessoa de Michael Jackson.
Religiosos ou ateus, temos todos um mesmo deus, sob a égide do insano capitalismo em que estamos todos submersos.
Leiam e reflitam. Basta um clique.

O maior de todos os escândalos

Assino embaixo. Depois deste texto, nada a acrescentar...

"O maior de todos os escândalos

Dioclécio Campos Júnior
Médico, é professor da UnB e presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (dicampos@terra.com.br)

Os escândalos envolvendo políticos que têm biografia já não emocionam tanto. Tornaram-se habituais, logo previsíveis. Numa sociedade que não cultiva a ética, pode-se esperar de tudo. Os comportamentos que deveriam ser exemplares nivelam-se na vala comum da esperteza. Contaminam-se nos terrenos pantanosos da imoralidade. A vergonha como reação aos próprios desvios de conduta deixa de existir. A única que sobrevive é a de ser honesto, como profetizou Ruy Barbosa.

Os meios de comunicação mantêm o tema na pauta. Prestam serviço. O espanto popular é despertado. A ira coletiva é aquecida. A indignação estimulada. Mas, como outros interesses falam mais alto, o ímpeto midiático arrefece de repente, não mais que de repente. O objetivo inicial é estancado, o povo iludido, a ética mutilada. Tudo continua como dantes no Congresso Nacional ou no governo de Abrantes. Até o próximo escândalo.

As denúncias de corrupção escancaradas pela imprensa são frequentes, muito repetitivas. Soam monótonas. Mostram, com abundância de recursos televisivos, o quanto alguns políticos e seus apaniguados ganham de dinheiro público sem fazer força. Sem trabalhar. Ilegalmente. Como ocupam postos sem exigência de qualificação alguma. Como distribuem privilégios aos parentes e amigos mais próximos. Como transacionam na ilicitude de forma cada vez mais cavilosa. As nomeações são espúrias, os contratos secretos, as negociatas repugnantes. Mas, de tanto ver prosperar essa vergonhosa rotina sem qualquer perspectiva de mudança, a sociedade já reage menos, quase não se impressiona. Cai o ibope. É novo desafio para a mídia no país.

Talvez tenha chegado o momento para que os meios de comunicação mudem de estratégia. Sejam inovadores. Mais criativos. Explorem outro tipo de escândalo, de sentido oposto, que surpreenda a população. Talvez seja hora de revelar, com grande impacto, que os profissionais da saúde e da educação trabalham duramente sem receber quase nada de salário. Sem qualquer privilégio, desprovidos de segurança, estressados e adoecidos diante de condições humilhantes que enfrentam para cumprir a nobre missão que lhes cabe desempenhar na sociedade brasileira.

A opinião pública agora sabe que o motorista do presidente do Senado ganha R$ 12 mil por mês. Todavia, desconhece que o pediatra encarregado de assistir os recém-nascidos país afora, passar noites indormidas no tumulto dos prontos-socorros ou estafar-se nas enfermarias e ambulatórios abarrotados do SUS, não recebe mais que R$ 2 mil por mês. A nação ignora que o chofer do Senado só teve de submeter-se à prova de habilitação do Detran para chegar ao nível salarial mencionado. O pediatra venceu difícil vestibular, cursou seis anos de medicina, mais dois ou três anos de residência médica, prestou concurso nacional para obter o título de especialista e só conseguiu ingressar no serviço público mediante aprovação em outro concurso. Um enorme esforço para ganhar seis vezes menos que o ilustre motorista.

O povo também ignora que a consulta paga pelos planos de saúde ao pediatra, decisiva para garantir uma geração de adultos saudáveis, equivale ao custo de um corte de cabelo. Tampouco tem conhecimento de que o professor universitário, detentor de titulação acadêmica e produção científica de qualidade, responsável pela formação de recursos humanos diferenciados no país, requisito para o desenvolvimento da sociedade, trabalha em regime de dedicação exclusiva para receber, quando muito, metade dos vencimentos do motorista do Senado. Os educadores em geral, mormente os que se entregam à educação básica e ao ensino fundamental, aplicados à valiosa tarefa de formar futuros cidadãos, sobrevivem com bem menos que metade do salário citado.

A ministra Dilma Rousseff aprovou bonificação que permite remunerar, com o devido valor, os engenheiros do Dnit. Alegou, coberta de razão, que, se não o fizesse, deixaria de contar com técnicos competentes para fiscalizar as obras do PAC. Esqueceu-se, contudo, de dizer que os educadores empenhados em formar cidadãos, incluindo engenheiros, bem como os cuidadores da saúde do povo brasileiro, precisam ser remunerados com igual respeito. Caso contrário, faltarão engenheiros sadios, à altura das exigências do Dnit.

Não há escândalo maior no país. Nem matéria melhor para a mídia. Profissionais decisivos para o bem-estar geral da nação trabalham todos fora da lei. Sobrevivem com salários que não cobrem os níveis elementares da dignidade humana. É o maior de todos os escândalos."


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terça-feira, 7 de julho de 2009

Ao Richard Dawkins, com carinho

Mesmo que a intenção da letra não fosse essa, deixo ao nobre e delirante cientista Richard Dawkins a minha humilde homenagem, em forma de canção - "Inútil Paisagem" - de autoria de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira - de quem ele não deve ter ouvido. Deixo até minha pobre tentativa de tradução para o inglês para que o Dr. Dawkins possa entendê-la - acho que ele não sabe português, tadinho - e quem sabe compreendê-la - mas também não tenho muita esperança.

Mas pra quê? What is it for?
Pra quê tanto céu? What is such a sky for?
Pra quê tanto mar? Pra quê? What for such a sea? What is it for?
De que serve esta onda que quebra? What for this wave that rolls?
E o vento da tarde? De que serve a tarde? And the evening breeze? What is the evening for?
Inútil paisagem. Useless landscape.  
Pode ser que não venhas mais; It may be that you won't come back anymore;
Que não venhas nunca mais... You won't come back anymore...
De que servem as flôres que nascem pelos caminhos? What are these flowers growing in the way for?
Se meu caminho sozinho é nada... If my way alone is nothing...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O Senador e a Candidata

A Sra. Ministra Candidata afirmou na semana passada que não devemos “demonizar” o Sr. Presidente do Senado, em referência à enxurrada de ilegalidades cometidas pelos administradores da Casa, com a benevolente “boa fé” dos senadores (tadinhos!).
Ora, não querendo assumir os erros cometidos pelo Senado através dos anos, deve o senador Sarney abdicar do cargo de presidente da Casa. Pois, ou assume a presidência e todas as suas prerrogativas e responsabilidades, isto é, em suma, ser responsável por tudo o que acontece no Senado, ou exime-se da responsabilidade, mas também exime-se do cargo... ué!!!
O que eu acharia hilário, se não fosse trágico, é que os políticos arvoram-se no direito de usufruir todos os privilégios que podem abraçar - mesmo aqueles flagrantemente imorais, anti-éticos, escabrosos – mas jamais se propõem a dizer: erramos, a responsabilidade é nossa!!!
Agora vem a Candidata Ministra dizer que não é bem assim, que devemos priorizar os aspectos políticos do assunto, pois a oposição só está querendo fazer uso político dele. Uma ova!!! Aspectos éticos tem precedência!!! Se a oposição quer só os dividendos do escândalo, pior pra eles!!! Os diretores administrativos do Senado são bandidos e devem ser presos e julgados!!! E o Senado – que até onde entendo é representado pelo seu presidente – deve ser responsabilizado pelos erros cometidos e corrigi-los todos. Situação e oposição estão juntos nessa lama!!!
Por essas e outras que me lembro – com misto de humor e vingança – da piada antiga, mas não velha, do menino mexendo fezes, com um pedaço de pau, dentro de uma latinha em plena praça da cidade. Passa um adulto, vê aquilo e pergunta: “quié qui cê tá fazendo minino?” Ao que o garoto responde sem parar de mexer o pauzinho na latinha: “tô fazenu um vereador, moço”. Intrigado, o adulto pergunta: “Ora, e porque é que você não faz logo um senador?” E o menino, sem pestanejar, concluí: “É que a merda é pouca...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O direito de ser tolo

"Acabo de retornar do Pantanal e fiquei deslumbrado com tanta beleza", disse Dawkins, acrescentando que, "se não conhecesse Darwin, ajoelharia e diria que isso é obra de Deus".

(Entrevista de Richard Dawkins à agência "O Estado", publicada hoje, quando ele participa do mais importante evento literário do Brasil, a FLIP, em Paraty-RJ.)


Eu conheço Darwin, pois estudei Geologia, ciência inteiramente imersa nos conceitos evolucionistas. Nem por isso, deixo de reconhecer a obra de Deus, não só no Pantanal, mas em tudo, até mesmo na inteligência mal utilizada de Dawkins, quando diz suas tolices.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Discussão ou diálogo

Entristece-me a forma como algumas pessoas não conseguem tratar de um assunto sem criar mal estar. Levam para o lado pessoal, agridem, ressentem-se de quem diverge, usam golpes baixos, menosprezam argumentos contrários, rebaixam as pessoas que se atrevem a discordar, usam de condescendência, generalizam, falseiam afirmações, em suma, fazem qualquer coisa para ganhar uma disputa. Isso não é diálogo, é mera discussão. Produz calor, mas não luz. Queima, mas não cria. Prejudica tanto os "opositores" quanto a si mesmos.
Já tentei uma vez alertar algumas pessoas sobre esse comportamento, na blogosfera. Fui rechaçado como tolo, ingênuo, fraco.
Hoje, assisto a algumas discussões como mero observador distante. Não caio mais nessa armadilha. Procuro quem deseje a contribuição generosa, o diálogo simples, puro e sincero, que fortalece os laços entre os diferentes.
E quando me vejo imerso em uma discussão, prefiro desistir. Esforço-me para sair sem tentar ganhar - não é fácil, a tentação é grande.
Mas não há nada a ganhar mesmo. Só a perder...


(pensamento impulsionado pela informação trazida pelo Roger, hoje)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Observações de um Turista Distraído - 18

Vista da Serra da Mantiqueira, em Gonçalves - MG, com a Pedra do Baú ao longe, à direita, e uma bela araucária em primeiro plano.


O Sul de Minas Gerais faz divisa com o estado de São Paulo em meio as montanhas da Serra da Mantiqueira. A divisa é tão sinuosa, que ao trafegar pela estrada que passa por São Bento do Sapucaí (SP), em direção a Gonçalves (MG), cruzamos a fronteira estadual várias vezes.
O interessante é ver o orgulho regionalista mostrar-se claro e ridículo nessa rodovia. É uma estrada simples, com trânsito local e principalmente de turistas que frequentam as várias cidades montanhosas da região, tanto em um estado quanto em outro.
Esse orgulho ridículo evidencia-se pelo fato que os trechos da estrada que ficam em Minas Gerais terem sido renovados recentemente, enquanto os trechos paulistas, não. E para esclarecer bem, havia placas alertando que aquele trecho era de responsabilidade do governo mineiro, mas o trecho a seguir, não!!!! Resultado: alguns quilômetros de estrada boa, seguido de outro tanto de estrada em péssimo estado, seguido de outro trecho bom, sucessivamente!!!
Não seria mais útil e sensato se ambos governos decidissem recuperar juntos a estrada e partilhassem recursos, beneficiando a todos os viajantes, fossem eles mineiros ou paulistas???