quinta-feira, 30 de abril de 2009

Como Jó?

Ouvindo Bob Dylan hoje, passou-me pela cabeça o seguinte pensamento:

Neste ponto da minha vida, depois de tudo que já vi, conheci e passei, seria tolice não acreditar em Deus;

Seria um tolo maior, e arrogante, se afirmasse conhecê-Lo e ser Deus "assim ou assado", que pensa e sente desta ou daquela forma, que age desta ou de outra maneira;

Suspeito que, tal como Jó, eu vá um dia dizer - "Eu te conhecia só de ouvir, mas agora meus olhos te veem..." (Livro de Jó capítulo 42, versículo 5).

Esperança e receio.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Relatório de viagem - 2


Chegamos à Cananéia no finzinho da tarde. Passamos pela ponte que separa o continente da ilha de Cananéia no exato momento do por-do-sol. Começava em grande estilo a nossa visita à região. Em Cananéia, arrumamos um quarto simples, próximo ao cais de onde pegaríamos o barco no dia seguinte rumo à ilha do Cardoso. Demos uma volta pelo centrinho histórico dessa cidade, fundada em 1531, mais de 20 anos antes que São Paulo e jantamos na praça. Fomos dormir logo porque o barco sairia bem cedo no dia seguinte.
A viagem, feita num barco de madeira que chamam de "escuna", com mais umas 30 pessoas, durou 3 horas. Deliciosas 3 horas de passeio tranquilo pelo canal que separa as duas ilhas, vendo o mangue, os pássaros marinho pescando e, principalmente, os botos cinzas, em pequenos grupos, nadando placidamente pelo canal. Há cerca de 700 deles ali, onde são protegidos.
Foi realmente muito legal, mais o melhor ainda estava por vir...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Medo

"Tenho medo de perder até a vontade de ganhar."

(da letra de uma música tocada por uma banda de rock no boteco do Celestino em Ilha do Cardoso.)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Relatório de viagem - 1

Pelo visto, voltei.
- E a viagem?
- Ah! A viagem foi ótima!
- Cadê as fotos?
- Ahn... bem... as fotos... tudo começou quando resolvemos acampar na ilha do Cardoso porque os preços das pousadas estava meio salgado. Aí, somaram-se às providências normais de uma viagem, as outras de um acampamento - coisa, aliás que fazia muuuito tempo que não fazíamos. Resultado: a máquina fotográfica ficou pra trás!!! Mas, não há problema que não tenha solução, exceto os insolúveis, e esses, como bem me explicou meu professor de Química, não se misturam a líquidos... mas, divago. Voltando às fotos, levamos um celular - aparelho totalmente inútil na ilha, pois não há sinal de telefonia por lá - o qual tira fotos.
Pois bem! Quando eu conseguir - e se conseguir - extrair as fotos para o computador, prometo postar algumas. Vale a pena esperar, pois o lugar tem atrativos vários!!!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Rumo à Ilha do Cardoso, destino incerto

Faremos uma pequena aventura. Seguiremos de automóvel até Cananeia, litoral sul do estado de São Paulo. De lá, esperamos tomar um barco que nos leve a Marujá, pequena vila de pescadores na Ilha do Cardoso, um parque natural de 15 mil hectares, 90% dos quais com Mata Atlântica preservada. Pretendemos armar barraca em um camping e conhecer um pouco a ilha e seus atrativos. Sobrevivendo, farei relatório. Caso não faça...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Dona de casa

Ser "dona de casa" era função básica da mulher há tempos idos. Ela era a gerente do lar, administrando os empregados domésticos, a despensa, os serviços de limpeza da casa, a preparação das refeições, os cuidados com os filhos, etc. Ufa! Coisa pra caramba! Trabalho cansativo e exigente. Enquanto isso o marido saía para o trabalho e ganhava o "pão de cada dia".
Os tempos mudaram. As mulheres se livraram pouco a pouco da obrigação social de ser "dona de casa"; invadiram o mercado de trabalho e hoje estão em todas as áreas de atuação humana.
Este processo, aliado ao alto nível de desemprego, criou a ainda rara, mas crescente figura do "dono de casa". É o marido que fica em casa com os afazeres domésticos, muito mais leves com o advento dos eletrodomésticos e a diminuição da área ocupada pelos lares modernos.
Sou um desses, quase. Tenho ficado em casa nos últimos meses, em parte deles trabalhando em casa com tradução e revisão de textos; em parte, só cuidando da casa porque a Elaine fica no trabalho muito tempo. Não gosto. Cozinhar, arrumar a louça, "ajeitar" a casa não são coisas que faço com prazer. Outros maridos "assumem" o fogão com visível prazer. Eu me saio bem, mas a contragosto. E tenho ajuda semanal de pessoas que vem cuidar da roupa e da limpeza da casa.
Por outro lado, percebo agora tentação de classificar o trabalho doméstico como "trabalho improdutivo" como era antigamente. À pergunta: "você trabalha?", as mulheres respondiam: "não, eu sou dona de casa".
Apesar de ter consciência de que minhas atividades domésticas permitem que minha esposa se dedique com afinco às suas atividades na área médica, promovendo assim a saúde de centenas de milhares de cidadãos de minha cidade, volta e meia sinto-me meio "inferior" aos meus amigos - gerentes de empresas, funcionários públicos ou empresários.
É isso. Agora me deem licença que preciso por o arroz pra cozinhar...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Por uma sociedade justa e eficiente

Meu cunhado teve o privilégio de assistir a uma palestra do renomado jornalista e administrador Stephen Kanitz. O tema, óbvio, foi a crise econômica mundial e o Brasil.
Remexi nas minhas anotações e achei um artigo escrito por ele e publicado em agosto de 2008 pela famigerada Veja. Guardei o artigo porque na época senti necessidade de refletir a respeito, pois envolvia algumas de minhas opiniões. É sobre esse artigo que desejo refletir com vocês.
O título desta postagem é o mesmo do artigo. Concordo inteiramente. Sou a favor de uma sociedade mais justa e eficiente. 
Kanitz pergunta se a justiça e a eficiência podem ser alcançadas ou se precisamos optar por uma delas. E usa como exemplo seus professores na faculdade. Uns, “os carrascos”, davam nota pelo acerto das respostas dadas pelo aluno nas provas; outros, os “bonzinhos”, levavam em conta o esforço despendido pelo aluno em encontrar a resposta correta. Isto é, uma prova em branco levava “zero”; uma prova com muitas considerações, mesmo que erradas, levava um “3,5”. Ele pergunta, afinal, “o que é mais justo, remunerar pelo esforço de cada um ou pelos resultados alcançados?” 
E dá a entender que opta pela segunda alternativa, pois agradece os professores “carrascos”, que só avaliavam o resultado, forçando-o a estudar mais para suas provas do para as provas dos professores “bonzinhos”, que levavam em conta o esforço, e com isso eram “enganados” pelos alunos que não estudavam. Afirma ainda que os alunos dos professores “bonzinhos”, uma vez formados, são fáceis de identificar por seus textos cheios de “abobrinhas”, platitudes e chavões. “Defendem que a renda deve ser distribuída pelo esforço, e não pelo resultado, e que toda criança que compete deve ganhar uma medalha.” 
O problema com Kanitz é que ele identifica “esforço” com “enganação”, pois seu texto nos leva a isso. Veja só as duas frases colocadas uma após a outra: “Quem tentou ser útil à sociedade, mas fracassou teria direito a uma “renda mínima”? É justo dar [nota] 3,5 àqueles cujo esforço foi justamente enganar seus professores e o “sistema”?
Creio que é claro meu conflito com o autor. O fato de concordar – como concordo - que quem tenta enganar o sistema não merece recompensa não me obriga a defender que quem fracassou na vida não mereça uma renda mínima. Esforço e enganação são duas coisas distintas e devem se tratadas de forma distinta!!! E o fato de ser difícil distinguir “esforço” de “enganação” não me dá o direito de eliminar o reconhecimento do esforço das pessoas!!!
Há formas de atender tanto a eficiência quanto o esforço, obtendo assim a justiça: recompensar pelo resultado e reconhecer o esforço é uma delas. 
Voltando aos tempos de escola. Kanitz se esquece dos colegas que conseguiam - por meios ilícitos - obter o resultado desejado pelo professor “carrasco”. Esses não recebiam um “3,5”, mas um “10” totalmente desprovido de valor!!! 
À sua última pergunta - “Que sociedade é mais justa, aquela que valoriza as boas intenções e o esforço ou aquela que valoriza o resultado?” - tem uma resposta clara: a sociedade atual. Ela valoriza o resultado, não importando os meios.
Pergunto: é numa sociedade assim que desejamos viver?


segunda-feira, 13 de abril de 2009

"Pois a vida,

para a maioria das pessoas é este algo indeterminado, amanhã pode não ser mais."

(retirado, com muito carinho, do blog de Dona Sra. Urtigão)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Inútil

Tem tanta coisa que a gente faz que não dá certo! E muito tempo a gente gasta com coisas sem resultado!
Veja só.
Solicitei um documento em repartição pública. Depois de uma viagem de meia hora e uma espera de 20 minutos para ser atendido, explicam-me que poderia ter solicitado via internet. Viagem perdida!!!
Levei o carro para regular o farol - coisa de dez minutinhos - e demoraram 40!!!
Fui ao supermercado e a pessoa à minha frente no caixa demorou muito mais que o esperado. Fiz uma comprinha pequena de gastei um tempão!!!
Tive um trabalhão para montar a "casa nova" da minha sogra. Depois de muitos móveis no lugar, quadros na parede, aparelhos elétricos e hidráulicos instalados - ufa! - minha sogra sofre um colapso e vem a falecer poucos dias depois. Quanto trabalho inútil!!!
Agora pense comigo. Se a gente ficar preocupado em contabilizar 0 tempo e os esforços gastos em coisas que não deram certo, que se mostraram inúteis ao final das contas, ficaremos muito, mas muito frustrados. E essa frustração pode se tornar angústia. Porque, na realidade, mesmo que você se previna contra possíveis "perdas de tempo" e "esforços inúteis", as chances das coisas não correrem como você deseja - ou precisa - são grandes. Não há como garantir resultados!
Há algum tempo tento fazer o que posso, da melhor forma que posso, sem me prender muito ao resultado; tento seguir a frase que ouvi de um colega de trabalho há mais de 20 anos: "Meu compromisso é com o esforço, não com o resultado".
Não é fácil!!!
A sociedade nos impinge um modelo de competência e eficiência cujo único resultado é o "estresse", a desilusão, o sentimento de derrota. Um dos maiores medos do homem moderno é sentir-se desnecessário, supérfluo. Ter consciência que meu valor não é dado pelo volume de coisas que agrego, nem pelo sucesso que os outros me creditam é essencial. Viver neste contexto e não se deixar dominar nem abater por ele é uma luta.
Mas vale a pena tentar.

sábado, 4 de abril de 2009

Lê quem quer...

O literato e admirável connaisseur gastronômico Adiron acertadamente comentou meu desagrado com as besteiras que a Veja publica dizendo que a leitura desses absurdos não é compulsória - ele mesmo não as lê há anos, assim como eu. Há, no entanto, que se notar que a desgraçada publicação tem centenas de milhares de leitores, alguns bem intencionados, mas desavisados das barbaridades que são publicadas. E como o brasileiro ainda tem muita fé na imprensa, pode acabar engulindo essas inverdades por não usar o senso crítico como devia.
Daí a minha intenção ao fazer postagens como a anterior.
Explicado?

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Felizes os analfabetos,

...os estrangeiros, os que não vivem no Brasil, ou que não leem português. Felizes também aqueles que mesmo alfabetizados tem a sabedoria de não pegar uma revista como a "Veja" desta semana - jogada na sala de espera de um consultório médico - e abri-la na reportagem sobre a condenação dos proprietários da loja Daslu. Livram-se - esperando a consulta - de sentir o estômago remoer como eu senti ao ler

"Assim como ser pobre não é qualidade, ser rico não é crime, ao contrário do que esperneiam os demagogos de credo esquerdista. A riqueza, no mundo capitalista moderno, é fruto de trabalho, ousadia e criatividade - e, como tal, produz emprego, consumo e outras oportunidades."

Quer que eu me explique? E ainda tem gente que paga pra ler isso...