domingo, 9 de fevereiro de 2020

Enough is enough

A frase, aparentemente redundante - "O bastante é o bastante" - tem sido usada, há muitos anos, para descrever o limite da ganância. Não há porque querer mais, buscar mais quando o bastante é bastante, quando o que se tem é o que se precisa.

Mas esta frase tem também outro sentido. No inglês, "enough" é também o imperativo "basta!", quando se impõe dar um fim a algo que já foi longe demais.

Martin Luther King teve seu momento de dizer "Chega!". Em abril de 1967, em seu discurso "Beyond Vietnam", ele diz que a guerra já tinha ido longe demais e era preciso dar um "basta!" à violência, à mortandade, à desumanização. E passou a ser um ativista anti-guerra, como já era um ativista pró-direitos civis (pelo qual recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1964).

É onde que estamos, no Brasil. Chegamos ao ponto onde é necessário dizer "Chega!" - "Enough is enough"! - não desejamos mais, não admitimos mais, a situação já foi longe demais, BASTA!!!

Esse governo, esse sistema político, essa filosofia, essa necropolítica não podem mais continuar!!!

É preciso dizer "chega!" para o ódio, "chega!" para o desrespeito à natureza, "chega!" para o desprezo à Ciência, "chega!" para a opressão às minorias, "chega!" para o fundamentalismo político e religioso, "chega!" para a ganância dos poderosos.

Está na hora de sermos, consciente e voluntariamente, ativistas anti-governo e pró ser humano.

(texto escrito à tempos, decidi publicá-lo agora, pois a invasão espúria de terras indígenas é u-ma ver-go-nha!) 

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Paz? Pax ou Shalom?

É lugar comum dizer que todos queremos paz. Mas é também facilmente comprovável que se há algo que não temos no mundo, e nunca tivemos é PAZ.
TODOS queremos paz, e frequentemente dizemos que estamos lutando por ela.
Mas... qual paz queremos? Porque existem tipos diferentes de paz.
Num extremo temos a paz tipo "Pax Romana", aquela paz imposta pelo detentores do poder, seja ele político, militar, religioso, econômico, tal como o Império Romano impôs ao mundo antigo.
Noutro extremo, temos a paz tipo "Shalom", palavra hebraica que significa "paz", mas também "harmonia, integridade, prosperidade, bem-estar e tranquilidade" (Wikipedia).
Entre uma e outra há um grande espaço de variações.
Corremos o risco de falar de paz com uma intenção e outra pessoa entende-la como outra intenção.
Assim acontece hoje com as pessoas que desejam que os críticos do atual desgoverno do ex-tenente se calem em prol da "pacificação" do país, tão polarizado desde o golpe de 2016. 
Falam de "paz", mas não desejam a paz. Querem silenciar, reprimir, extinguir (se possível) as vozes contrárias aos descalabros perpetrados pelos atuais detentores do poder político, fortemente apoiados pelos donos do poder econômico. Querem a "pax romana", inaceitável para quem sonha com o "Shalom", uma harmonia e bem-estar que inclui todos, sem distinção.
Portanto, na próxima vez que alguém disser que "quer paz", pergunte a que "paz" se refere.