sábado, 30 de outubro de 2010

Topa de Elite 2 e o Poder

Ainda estou sob o forte impacto que me causou o filme “Tropa de Elite 2”. Já havia assistido o primeiro, sem me impressionar muito, mas este, realmente, me nocauteou!
Bem agora, em meio a uma acirrada e feia disputa presidencial, o filme me deixou mais convencido da necessidade de nos posicionarmos contra tudo o que está aí: sistema político, sistema econômico, sistema social, sistema religioso. Está tudo podre, tudo fede.
É necessário, sob pena de eliminarmos a sociedade humana da face da terra, após um longo e terrível sofrimento, criar um novo estilo de vida, uma nova forma de viver, que elimine o principal foco de tragédia: o poder.
O Tenente-coronel Nascimento não é um herói. Tem falhas de caráter e valores questionáveis. Mas é impossível não lhe ser simpático e até favorável quando ele percebe que o mal não está entre os traficantes que tanto combateu; nem com os policiais corruptos de quem tinha repugnância; nem dos políticos que se mostraram ainda piores que os anteriores. O mal está no sistema: impessoal e inexorável, que oprime e mata as pessoas sem distinção de sexo, raça, idade, nível cultural.
Saí do teatro com a sensação nítida de que a luta era interminável e invencível. Enquanto Nascimento continuasse a lutar contra o crime e a corrupção, estes continuariam a crescer e se solidificar, porque vivem do sistema vigente, e, pior, o sistema vive deles.
Portanto, renovou-se minha convicção de que somente a busca de um sistema não hierárquico, que elimine o poder de uns sobre outros terá a mínima chance de oferecer vida digna ao ser humano. Não é um objetivo a ser alcançado um dia, mas a ser trilhado durante a vida, com fé e amor.
Sou, como disse um amigo querido, um “anarcocristão”, e meu voto é um afirmativo “não!”. É um sim à vida, sim à liberdade, sim à dignidade do ser humano.
Voto nulo!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O medo

Em conversa com um tio querido, ele tenta me explicar, cuidadosa e pacientemente, porque vai votar no Serra. O problema todo se resume, eu suponho, no medo que ele tem de que o PT, a continuar no poder, aumente ainda mais a já estúpida carga tributária da classe média, preservando os privilégios dos ricos.
Creio que a chave aqui seja "o medo". O mesmo que fez uma famosa e competentíssima atriz de TV ir a público há anos atrás, pedir que não se votasse no Lula: "tenho medo".
Não votarei no PT, partido do qual fui fiel eleitor por mais de 25 anos. Mas também não votarei no PSDB. Não tenho "medo".
A razão de minha coragem é simples: a Lei de Murphy. Ela afirma que "Se algo pode dar errado, com certeza dará."
Não tenho ilusões quanto às ações e resultados de todo e qualquer governante, partido político ou homem público. Serão sempre frustrantes e mesquinhos.
Há uma razão mais específica também. Tudo tem limite. A capacidade de uma sociedade arcar com impostos, também. E não será o PSDB nem o PT que imporão esse limite de carga tributária. É a realidade, é a possibilidade de ruptura do tecido social e desmoronamento da sociedade. A esse risco, nenhum político, por pior que seja, se submete. E nem a sociedade, que acaba por afastar quem se arrisca neste caminho.
O resultado é que "quanto mais tudo muda, mais tudo fica igual". E não será o PT ou o PSDB que mudarão o "status quo".
O sistema político brasileiro está falido, necrosado e fétido. Qualquer um dos dois candidatos terá que se submeter às forças inescapáveis do sistema globalizado, este sim, o verdadeiro governante do mundo moderno.
A única alternativa é a opção - custosa e improvável - por uma outra forma de governo e economia. E nenhum dos dois partidos propõe isso.
Meu voto é nulo!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Masoquismo - Dia do Servidor Público

"Long hours, low payment, hard work... what's there in this job that we stick to it?"
"Maybe we care for the public service..."
"Maybe we really like to suffer..."

- Longas horas, pagamento ruim, trabalho pesado... o que há neste emprego para nos agarrarmos a ele!?
- Talvez a gente se importe com o serviço público...
- Talvez a gente goste é de sofrer!...

(Diálogo captado no seriado "Law & Order", entre um promotor público e um investigador de polícia.)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

De que lado eu estou?

Não tem jeito. Tentei, tentei mesmo ficar quieto no meu canto nesse segundo turno da eleição para presidente do Brasil...sil... sil!
Mas aí, um cara - Roberto da Matta - escreve hoje nO Estado de S. Paulo - um artigo - você pode ler aqui - no qual me pergunta "De que lado você está?". Além da pergunta, constrangedora e pessoal, ele elenca uma série infindável de argumentos para eu não "enverdecer" (sic). Me pergunta "será que você não enxerga que o exemplo de neutralidade (como se eu fosse exemplo de qualquer coisa) é fatal quando há uma óbvia ressurgência do velho autoritarismo personalista?..." e por aí vai com "ene" outras perguntas cabeludas. Para, ao fim, desafiar-me: "Diga de que lado você está". E se há uma coisa que mexe comigo é desafio...
Taí, vou responder! Vou dizer de que lado estou!!!

EU TÔ FORA!!!

Ô loco sô, tá pensando o quê?

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Esquerda e Direita à moda de Jorge Amado

"Transmitida  pela televisão, a notícia da morte de Júlio de Mesquita Filho me aflige e me entristece, saio a andar por entre as árvores do jardim, sento-me no banco de azulejos sob a copa da mangueira e o revejo alto e decoroso, cônscio de seu poder e de sua responsabilidade.
A presença de Julinho comprovava a possibilidade de convivência civilizada, democrática, a negação do conceito político tão em voga entre a chamada elite, que considera o adversário inimigo a odiar e a exterminar. Penso nas relações que mantivemos a partir dos dias de exílio na Argentina, as diferenças não marcaram distâncias, as divergências não se radicalizaram em confrontos. As cigarras cantam em despedida, a tarde tomba das árvores de súbito e de vez, a noite chega e me envolve.
Telegrafo ao Estado de S. Paulo: De Júlio de Mesquita Filho se podia ser ao mesmo tempo adversário e amigo."

(capítulo "Bahia, 1969 - as cigarras", do livro "Navegação de Cabotagem", de Jorge Amado, escrito de 1986 a 1992, e publicado pela Ed. Record)

Hoje, às vésperas de mais uma eleição presidencial, vejo adversários desejarem o mal a seu oponente, apenas para ganhar o poder, o ilusório e transitório poder. Não é por falta de boas lições e exemplos - como o acima - que os homens se digladiam como animais. É por pura burrice.
Sou inundado por e-mails de pessoas "bem intencionadas", que para defender seu/sua candidato(a) escrevem horrores sobre o(a) adversário(a), mais inimigo(a) do que concorrente.
Fico triste, e me convenço que não é por aí, não. Não darei meu apoio a nenhum deles! Não é do meu voto que eles irão usufruir. Se querem ser presidente do Brasil, que sejam!!! Não o serão com minha conivência, concordância, conformismo! "Que se explodam!"

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Você concorda?

Nunca estivemos tão longe do país com que sonhamos um dia” - Celso Furtado (1999).

A atual campanha eleitoral me faz pensar que a frase do economista faz mais sentido hoje do que há dez anos. Você concorda?

domingo, 10 de outubro de 2010

Poema

Minha mãe, cuja memória recente foi severamente afetada pelo derrame sofrido há cinco anos, tem lampejos de lucidez extrema de coisas antigas, acontecidas na juventude, há mais de 50 anos.
Uma dessas lembranças, forte, nítida, é de um poema, um retalho de outras poesias, reunidas em forma de retalho. Nós sempre nos divertimos quando ela resolve declamá-lo. Eu até resolvi procurar no Google, para descobrir a origem de tal retalho. Mas não encontrei nada!
Então, publico aqui, na esperança que algum dos meus 6 leitores saiba algo a respeito que jogue luz sobre sua origem.
Aqui vai, estou certo que vocês vão gostar!

Às armas e os barões assinalados,
que da ocidental praia lusitana
vassourinha varre o chão
e o abano sempre abana.

Ó como é diferente o amor em Portugal
pálida lua hibernal
redonda como uma espada.
Vai-se a primeira lua despertada.

"Ó pátria amada, idolatrada.
Salve, salve."

Surge agora: fizeram minha cama curta
e eu dormi com os pés de fora
até o raiar da aurora.

Lembra-te, homem: és barro,
depois da chuva, atola o carro
como peixinho no mar.

No azul a sorrir
quer seja tapuia, condor ou tapir,
essas plagas brasileiras,
minhas terra tem palmeiras
onde canta o sabiá.

“Iaiá, fruta-do-conde, castanha do pará”.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Coincidências

Costumava dizer que não acreditava em coincidências.
Hoje já não penso assim, ou, continuo não crendo, mas como bruxas, "pero que las hay, las hay".
Hoje serão sorteados seis dezenas que poderão fazer um ou alguns milionários. Serão 115 milhões de reais, aproximadamente 68 milhões de dólares na loteria do governo.
Quem ganhar terá sentido o impacto de uma mera coincidência.
Outro dia espantei-me com a numeração que vi no painel do meu carro. O odômetro marcava 68.968 (sessenta e oito mil, novecentos e sessenta e oito quilômetros rodados). E o odômetro parcial, que marcava quantos quilômetros eu havia percorrido desde que abasteci: 68,968 (sessenta  e oito quilômetros, novecentos e sessenta e oito metros).
Incrível, não!?!?!?!?!? Mas aconteceu, assim como hoje poderá acontecer com algum felizardo (ou infelizardo, depende do que lhe acontecerá depois).
São as coincidências da vida, ou... outra coisa?