O tema "os excluídos" é frequente no país. A Igreja Católica já o fez tema da Campanha da Fraternidade e muito se fala sobre os excluídos, sempre se referindo àquela enorme parcela da população à qual é negado o acesso a habitação decente, trabalho bem remunerado, educação de qualidade, atendimento de saúde adequado.
Nesta minha recente viagem por um longo trecho do litoral brasileiro, fui testemunha de outra exclusão, igualmente cruel, que afeta um pequeno, mas importante grupo de cidadãos. A diferença é que a esse grupo não lhes é negado nada. O próprio grupo impõe-se uma auto-exclusão.
Refiro-me aos proprietários de imóveis litorâneos nos chamados "condomínios horizontais fechados - CHF".
Em alguns dos lugares mais lindos do mundo, como Trancoso, Búzios, Praia do Espelho, essas pessoas, das classes sociais "A" e "B", trancam-se em seus muros altos, com portarias vigilantes e sistemas de alarme, impedindo-se de conviver socialmente com o povo em geral, privando-se do contato com a alegria, simplicidade, sabedoria e energia do povo local. Nestes lugares, as pessoas são mais tranquilas, informais e conviver com elas é parte da experiência de visitar e conhecer locais tão lindos. Experiência auto-negada pelos "ricos", que ali vão, mas não se misturam, permanecendo em seus feudos aborrecidos, sem noção da vida vibrante e colorida que se desenrola fora dos muros, a paranóia das grandes metrópolis transplantada para porções do paraíso perdido ainda ao alcance de qualquer mortal.
Deu-me muita tristeza passar pelo lado externo destes muros altos e saber que do outro lado escondiam-se na riqueza pessoas que pensavam ser privilegiadas, pelo poder do dinheiro, mas são apenas uns pobres coitados...
Um comentário:
E o medo de serem assaltados??? de serem vítimas de sequestros???
Assim, acabam por perder a simplicidade da vida, o riso solto, a singeleza de coração... Se é que algum dia tiveram, é claro...
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