quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Gestão e indigestão

Muitos no Brasil creem que não nos faltam recursos e, por acaso faltassem, há recursos disponíveis mundo afora.
O problema é que nossos governos precisam de um "choque de gestão", dizem. Há muito desperdício, muita corrupção, muita ineficiência.
Li, há muitos anos, um famoso economista brasileiro dizer-se favorável à municipalização com o argumento de que "quando um prefeito erra, é um errinho; quando um presidente faz bobagem é uma enorme bobagem".
A descentralização do poder governamental, por essa ótica, é não só desejável, mas benéfica. 
Mas aí, acontecem as contradições: jornal da minha cidade da destaque para o recuo do prefeito em criar oito secretários adjuntos (leia AQUI). À primeira vista, parece ser uma decisão sensata, pois estanca o gasto público com pessoal - ainda mais oito cargos de alto nível como esses. Só que a análise que não vi foi a de que esses cargos permitiriam às grandes secretarias (como a Saúde e a Educação) descentralizarem a administração, levando o poder de decisão para mais próximo dos problemas a serem enfrentados.
A cidade tem mais de 600 mil habitantes. É difícil exigir eficiência de uma máquina administrativa tão grande ou desejar uma estrutura mais "enxuta" com tão grandes desafios. 
A descentralização do poder de decisão pode, num primeiro momento, aparentar um aumento da máquina pública (que não desejamos), mas permite atingir maior eficiência no uso dos recursos públicos (que almejamos).
O que assistimos hoje no serviço público municipal de saúde é "correr atrás do prejuízo", "apagar incêndios", "o gestor como vítima da demanda". Se nada mudar, vamos continuar assim. Isso não é gestão, é indigestão...

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