sábado, 29 de agosto de 2009

Caim

José Saramago, o escritor em língua portuguesa mais aclamado da atualidade, ganhador de prêmio Nobel de literatura em 1988, dá uma pequena entrevista, como mostra o Yahoo Videos, em função do lançamento de seu mais recente romance, "Caim". Aos 86 anos, Saramago fala com franqueza da sua dificuldade em aceitar "Deus".
Lá pelas tantas ele diz que "tudo aquilo" (na Bíblia, especialmente no Pentateuco) "é absurdo e, em alguns casos, criminoso". Como exemplo ele cita o episódio em que "Deus manda Abrão matar seu filho Isaque para provar a sua fé. Só isto deveria apagar da nossa idéia, da nossa cabeça, a idéia de Deus." O episódio é relatado em Gênesis, capítulo 22.
Para encerrar a entrevista ele diz que a conclusão que se pode tirar, "a única coisa que se pode dizer é que não se pode confiar em Deus."
Eu sinceramente espero não estar fazendo a "leitura" dos livros de Saramago tão mal quanto ele faz dos livros bíblicos...
Reservo-me o direito de gostar de seus livros, de admirar a personalidade intrigante do autor, e de não confiar em Saramago.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Macacos me mordam!!!

Todo dia minha amiga Renata enche minha caixa de entrada com mensagens encaminhadas com .pps ou .wmv ou outro anexo qualquer que eu não abro. Não é somente ela. Há outros 5 ou 6 amigos que fazem o mesmo. O gozado é que nunca vem o mesmo anexo duas vezes... sei lá porque.
Bem, voltando à minha amiga, hoje me mandou apenas um link do YouTube e resolvi ver o que era. E não é que valeu a pena?!?! São apenas 4 minutos de reflexão sobre quem somos e o que fazemos. Nada muito sério, nem muito profundo. Mas dá o que pensar.
Tá curioso? Passa ... Depois me diga.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

"Contra o Vento"

Algumas letras de canções escritas por artistas jovens são melhor compreendidas quando nós já não somos (jovens). As experiências, tribulações, altos e baixos da vida nos permitem saborear melhor a profundidade, muitas vezes antes desapercebida, de certas músicas.

É o caso, por exemplo, da canção “Father & Son” - do então jovem Cat Stevens - que para um “filho” parece simplesmente retratar o “abismo de gerações”, a dificuldade de se fazer entendido pelos “velhos”, mas agora adquire para mim um significado todo especial, pois sou o “pai” que também já foi o “filho”.

Outro caso é o da música “Against the Wind” - Contra o Vento – de Bob Seger. O impacto da letra se faz muito mais forte 30 anos depois do que quando ele, um garoto rebelde de cabelos longos e barbudo, cantava pelos palcos americanos.

Vejam só um trecho da letra:

Wish I didn't know now what I didn't know then

Quisera não saber agora o que eu não sabia então

Against the wind

Contra o vento

We were running against the wind

Corríamos contra o vento

We were young and strong

Éramos jovens e fortes

We were running against the wind

E corríamos contra o vento

And the years rolled slowly past

E os anos passaram lentos

And I found myself alone

E estou sozinho

Surrounded by strangers I thought were my friends

Cercado por estranhos que pensei serem amigos

I found myself further and futher from my home

Encontro-me cada vez mais longe de casa

And I guess I lost my way

E acho que perdi o caminho

There were oh so many roads

Havia, oh, tantas estradas

I was living to run and running to live

Eu vivia para correr e corria para viver

Never worried about paying or ever how much I owed

Nunca me preocupando com pagamentos ou mesmo com dívidas

Moving eight miles a minute for months

Movendo-me a dez quilômetros por minuto, meses a fio

At a time

A cada vez

Breaking all of the rules that would bend

Quebrando todas as regras que podia torcer

I began to find myself searching

Comecei a me ver à procura

Searching for shelter again and again

Em busca de abrigo sempre

Against the wind

Contra o vento

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Uma "nuvem" computacional

Eis uma idéia interessante: a IBM implementou uma rede de computadores domésticos, a qual deu o nome de World Community Grid. Qualquer pessoa com acesso à Internet pode participar. É só fazer o registro, baixar o programa e manter o computador conectado mesmo quando ocioso. Ele será utilizado, em sua capacidade operacional, para ajudar a pesquisa científica em várias áreas: medicina, agricultura, meio ambiente, por exemplo. Atualmente essa "nuvem" computacional ajuda a pesquisa sobre dengue, câncer infantil, AIDS, gripes, distrofia muscular, arroz mais nutritivo, energia limpa, entre outras. 

Uma estranha satisfação percorre minha espinha quando olho para a janela do "Boinc" - esse é o nome do programa que gerencia meu computador quando não o estou usando. Sinto-me envolvido com coisas boas e humanitárias, como se estivesse fazendo algo bom, quando, na realidade, não estou fazendo - literalmente - nada!

A comunidade é formada por mais de 475 mil membros e mais de um milhão e trezentos mil computadores. "Cool", não?

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Reflexões sobre a política

Meus ex-colegas de faculdade trocam e-mails e, vez em quando, o debate se instala, sempre bem-humorado, cáustico, e temperado com a antiga amizade. Alguém mencionou a situação política e o proposto "buzinaço" para o dia 7 de setembro como ação promotora de mudança.
Comentei assim:

"O Brasil ainda não se livrou do "coronelismo", o real sistema de governo vigente.
O "panelaço" pode apontar para um desejo de mudança, mas "mudança" mesmo eu duvido muito que aconteça, neste momento. Perdemos todos, e aí incluo o mundo inteiro, as únicas grandes chances de mudança que tivemos durante nossa vida (segunda metade do séc XX e primeira década do séc XXI):
1- a cultura "underground" dos anos 60 e;
2- a efervescência do fim dos 80, com a queda do muro. Perdemos estas chances e não vejo agora possiblidades reais de mudança. Talvez daqui uns dez anos, com o agravamento da crise ambiental e a ascenção ao mundo adulto da chamada "geração digital".
Veremos. Salvo engano,

r
(desculpem o ar "arrogante" do texto. Na verdade, eu não estou dando uma de "sociólogo", "intelectual", não. Pobre de mim. Saiu assim, mas é só um desabafo do coração...)"
...
Um colega afirmou que lamúrias não mudariam a cena, que é preciso se engajar ativamente e se os partidos atuais não satisfazem, que se crie um partido melhor. "O importante", afirmou, "é participar".
Respondi:

"Há meios e meios de ser "ativo"...
Um movimento muito forte hoje no mundo é o da "micro-revolução". Exige muito compromisso e envolvimento pessoal. Se é eficiente, não sei. Mas é interessante e prescinde do tipo de envolvimento político que estamos acostumados - e cansados - de ver.
Portanto, nem todo aquele que se mantém à margem da ação político-partidária, ou socialmente engajada é omisso."

Aí meu colega responde que agora é o momento de lutar por uma democracia participativa não só na hora do voto, mas na hora das decisões.
Respondi:

"No grande filme de Montaldo, "Giordano Bruno" de 1973 - lembra? éramos jovens e tínhamos esperança de mudar o mundo - o ator Gian Maria Volonté, como personagem central, ao ser levado para execução, afirma "que ingenuidade a minha: pedir ao poder para reformar o poder!". Assisti esse filme há mais de 35 anos e nunca me esqueci da frase. Continua válida hoje como no século XVI. Por essa razão estou à margem da ação política e social direta. Tento me reformar e levar as pessoas a refletirem sobre a necessidade de se reformarem. Partidos políticos, ONGs e religiões não são mais meu instrumento de trabalho. Foram, um dia. É na ação individual que me engajo. Se estou certo, não sei. Veremos."

Há alguma lógica no que disse, ou só falei bobagens???

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O quanto vale isso?

Meu filho conversava com um amigo, que animado com o curso que faz, comentou que os professores recebiam aproximadamente 250 dólares por hora/aula, isto é, 50 minutos. Ou, 300 dólares por hora. Ouvi atentamente. Disparei: ganhar, ganham, mas não vale; com certeza não vale.

Minha afirmação criou polêmica, pois se há mercado para um professor que exija este valor, é porque ele deve valer o que recebe.

Esta é a lógica de mercado: tudo vale tanto quanto estão dispostos a pagar. Uma Ferrari vale meio milhão de dólares? Se há quem pague, sim! Uma pintura de Van Gogh vale 80 milhões de dólares? Se há quem pague, vale! Um jogador de futebol vale milhões de dólares por ano? Se há time que pague, vale! Um executivo - CEO  -vale um salário milionário? Se há uma multinacional que pague, vale!

Pois eu sou do contra. NÃO VALE, NÃO!!!! É um absurdo, uma insanidade admitirmos que num mundo onde 900 milhões de pessoas passam fome regularmente, os valores acima sejam considerados normais e sequer existam!!! Aqueles que recebem esses valores deviam se envergonhar disso, ir à praça pública e gritar: eu não mereço tanto! E quem paga devia anunciar: metade do que tenho para comprar tal coisa será destinado a minimizar a fome no mundo!

Ingênuo? Sonhador? Idealista? Demente?

Que seja. Prefiro ser louco a aceitar a "sanidade" egocêntrica do mundo capitalista.

domingo, 23 de agosto de 2009

"Errar é Humano

"...disse o Buda. Quem resiste ao erro, resiste a ser humano. Perguntaram ao Buda: o Buda comete erros? O Buda respondeu: estou cometendo um erro neste exato momento..."

Este estranho texto faz parte de um cd de audio que o detetive Charlie Crews - no seriado policial "Life", do canal pago AXN - tenta ouvir no carro, em companhia de sua parceira Dani Reese, que tenta inutilmente trocar o som para uma música mais, digamos, agradável.

Meu antigo chefe, ao incentivar a iniciativa de sua equipe, dizia: "Quem tenta, pode até errar; quem não tenta, já errou". 

Essa talvez, seja a diferença entre alguém "do bem" e "do mal".

Quem é do mal sabe, de antemão, que faz o mal, portanto arrisca por não ter nada a perder.

Quem é do bem, teme errar por não desejar fazer o mal a si e a outros. E essa timidez provoca ausências e omissões extremamente prejudiciais. Todos perdem.

Portanto, faça o bem sempre, mesmo que algumas vezes você erre e acabe fazendo o mal sem intenção. Pior será pecar por omissão. E esta não é apenas uma lição do Buda...

sábado, 22 de agosto de 2009

Felicidade e desempenho

Na linha de largada, corpos atléticos com rostos tensos. Em instantes será dada a largada para a final dos 110 metros com barreira no Campeonato Mundial de Atletismo de Berlim. À medida que a câmera apresenta cada uma das corredoras, nota-se o semblante carregado, nervoso de todas.
Todas, não. Há uma atleta, por sinal não é a favorita, mas é a mais velha - 34 anos - do grupo, que ao perceber apontada para si, dá um largo sorriso e manda um beijo em direção à câmera. Saltita alegremente para manter o aquecimento muscular necessário para a prova.
Finalmente, depois de alguns instantes que devem parecer séculos para as competidoras, é dado o tiro de largada e elas disparam atacando cada barreira com rapidez e agilidade. Já no meio do percurso uma delas se destaca e cruza a linha de chegada pouco à frente das favoritas.
É a corredora feliz, que demora ainda para perceber que ganhou a prova, mas está contente. Contentamento que se transforma em convulsão de alegria com a confirmação de sua vitória inesperada inclusive para ela, Brigitte Foster-Hylton.
É a vitória da felicidade, da pura alegria de viver, sobre o peso da responsabilidade e seriedade no trato das coisas.
Fazer com alegria lhe permite fazer melhor. Pense nisso!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Por puro acaso

Por puro acaso a música "Foi Deus que fez você", composição genuinamente nordestina de Luiz Ramalho, cantada maravilhosamente por Amelinha vem imediatamente antes de "Mais Simples", do músico, poeta e intelectual paulistano J. Miguel Wisnik, delicadamente interpretada por Zizi Possi, na minha lista de músicas nacionais do meu MP3.
A última frase da música de Amelinha se encaixa como luva na primeira frase da música de Zizi.
Não há nada em comum entre as músicas. Melodia, ritmo, origens, autores e intérpretes são tão distintos quanto se é possível ser neste universo musical. A única coincidência, se é que se pode assim chamar, é o fato de ambas cantarem o amor e a vida. Mas este é tema principal da produção artística, não é?
Mas, para compreensível desgosto de Dawkins, as letras se entrelaçam e afirmam:

"...Foi, foi Deus"
"É sobre-humano amar..."

Enquanto houver um sopro de vida humana sobre a Terra, haverá quem diga que Deus existe porque o amor existe, e o amor existe porque Deus existe. Pobre Dawkins!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Como lidar com erros das empresas

Meu manual "Como Lidar com Erros das Empresas" não será publicado. O motivo é simples: não há como justificar a publicação de um livro com apenas uma página. Verdade. Meu manual só tem uma orientação, que serve para todos os tipos de problemas, empresas, situações e lugares.

Ao ter algum problema com uma empresa, assegure-se de procurá-la e documentar seu pedido amigável de correção do erro da empresa.

Ao receber um "não!", fique calmo, respire fundo e DÊ COM OS DOIS PÉS NO PEITO DA EMPRESA"!!! Isso mesmo, no popular: "bote a boca no trombone". Esperneie, faça escândalo, divulgue pro mundo o teu protesto, use a web, a mídia - jornais, revistas e TV -, as organizações de defesa do consumidor e qualquer outro instrumento para fazer estardalhaço.

Acredite, funciona.

Vejam o exemplo do artista canadense Dave Carroll. Dois dias depois de colocar este video no YouTube, após meses de tentativas frustradas de ser atendido, a United Airlines entrou em contato com ele para ressarcir-lhe os prejuízos. Isto porque seu bem-humorado video foi assistido por mais de 150 mil pessoas em dois dias e foi notícia na CNN. Em sua resposta, aqui, ele pede que a companhia doe o dinheiro à caridade e se esforce para atender melhor seus clientes porque, para ele, foi tarde demais.