Quando criança, passava muito tempo na casa de meus avós maternos. Eles moravam em Santos, o que tornava o local perfeito para alguém que gostava de praia e mar, como eu.
Saíamos a pé, depois de caminhar um pouco, tomávamos o rumo da praia, pela avenida que margeia um dos canais de Santos. Altas árvores de jambolão manchavam o chão de roxo escuro durante o verão, e forneciam a sombra necessária para a caminhada. Rapidamente chegávamos à praia. Naquele tempo, as águas e a areias eram mais limpas – meu avô, médico, até receitava banhos de mar aos seus pacientes! – e eu podia me divertir à vontade.
As horas passavam rapidamente, e logo era hora de voltar, pois o almoço nos esperava.
Fazíamos o caminho inverso na volta, mas era interminável. O cansaço da praia, o calor do meio-dia, a fome e sede de quem estava à horas preocupado somente em brincar afloravam com força e me deixavam clamando por chegar. O que não acontecia nunca, era a impressão. O mesmo caminho, tão leve e fácil pela manhã, tornava-se longo e torturante na volta. Tentava distrair-me olhando as casas, acompanhando os girinos nas águas do canal, observando pássaros, gatos, cães, qualquer animal que ficasse à vista. Mas nada adiantava. O caminho de volta sempre foi muito, muito longo...
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