terça-feira, 14 de abril de 2009

Por uma sociedade justa e eficiente

Meu cunhado teve o privilégio de assistir a uma palestra do renomado jornalista e administrador Stephen Kanitz. O tema, óbvio, foi a crise econômica mundial e o Brasil.
Remexi nas minhas anotações e achei um artigo escrito por ele e publicado em agosto de 2008 pela famigerada Veja. Guardei o artigo porque na época senti necessidade de refletir a respeito, pois envolvia algumas de minhas opiniões. É sobre esse artigo que desejo refletir com vocês.
O título desta postagem é o mesmo do artigo. Concordo inteiramente. Sou a favor de uma sociedade mais justa e eficiente. 
Kanitz pergunta se a justiça e a eficiência podem ser alcançadas ou se precisamos optar por uma delas. E usa como exemplo seus professores na faculdade. Uns, “os carrascos”, davam nota pelo acerto das respostas dadas pelo aluno nas provas; outros, os “bonzinhos”, levavam em conta o esforço despendido pelo aluno em encontrar a resposta correta. Isto é, uma prova em branco levava “zero”; uma prova com muitas considerações, mesmo que erradas, levava um “3,5”. Ele pergunta, afinal, “o que é mais justo, remunerar pelo esforço de cada um ou pelos resultados alcançados?” 
E dá a entender que opta pela segunda alternativa, pois agradece os professores “carrascos”, que só avaliavam o resultado, forçando-o a estudar mais para suas provas do para as provas dos professores “bonzinhos”, que levavam em conta o esforço, e com isso eram “enganados” pelos alunos que não estudavam. Afirma ainda que os alunos dos professores “bonzinhos”, uma vez formados, são fáceis de identificar por seus textos cheios de “abobrinhas”, platitudes e chavões. “Defendem que a renda deve ser distribuída pelo esforço, e não pelo resultado, e que toda criança que compete deve ganhar uma medalha.” 
O problema com Kanitz é que ele identifica “esforço” com “enganação”, pois seu texto nos leva a isso. Veja só as duas frases colocadas uma após a outra: “Quem tentou ser útil à sociedade, mas fracassou teria direito a uma “renda mínima”? É justo dar [nota] 3,5 àqueles cujo esforço foi justamente enganar seus professores e o “sistema”?
Creio que é claro meu conflito com o autor. O fato de concordar – como concordo - que quem tenta enganar o sistema não merece recompensa não me obriga a defender que quem fracassou na vida não mereça uma renda mínima. Esforço e enganação são duas coisas distintas e devem se tratadas de forma distinta!!! E o fato de ser difícil distinguir “esforço” de “enganação” não me dá o direito de eliminar o reconhecimento do esforço das pessoas!!!
Há formas de atender tanto a eficiência quanto o esforço, obtendo assim a justiça: recompensar pelo resultado e reconhecer o esforço é uma delas. 
Voltando aos tempos de escola. Kanitz se esquece dos colegas que conseguiam - por meios ilícitos - obter o resultado desejado pelo professor “carrasco”. Esses não recebiam um “3,5”, mas um “10” totalmente desprovido de valor!!! 
À sua última pergunta - “Que sociedade é mais justa, aquela que valoriza as boas intenções e o esforço ou aquela que valoriza o resultado?” - tem uma resposta clara: a sociedade atual. Ela valoriza o resultado, não importando os meios.
Pergunto: é numa sociedade assim que desejamos viver?


6 comentários:

Alice disse...

... é Rubinho... e dessa vez vc foi direto ao ponto, ou seja, deu no joelho !

Vale refletir , decidir e agir.


Grande texto!


bjusss

Fábio Adiron disse...

Pois é, continua ele continua maniqueísta e, mais do que isso, é o tipo de cara que valoriza qualquer coisa acima do valor do ser humano.

Depois dá nisso: descobre-se que a busca incessante do resultado tem mais enganações do que se imaginava...

Dona Sra. Urtigão disse...

Esses valores(?) são empurrados a sociedade ou ela os absorve por identificar-se basicamente.Manter esperanças de um mundo melhor, é tarefa árdua.Mais ainda continuar a lutar por mudanças.

Garota do copo d'água disse...

Vim agradecer a visita e, claro, dizer que gostei muito do seus blogs também! Virei mais vezes!

valter ferraz disse...

Rubinho,
como sabe que venho sempre com meus argumentos pouco "ortodoxos" deixo mais um:
Para mim é discurso de gente bem estudada que teve todas as oportunidades, nunca enfrentou um busão lotado depois de um dia estafante de trabalho e enfrentou quatro a cinco horas de aulas enfadonhas, ministradas por professores desmotivados e desiludidos com a profissão que escolheram.
Meu argumento pouco ortoxo é em virtude de ter uma experiência em casa. Meu filho Tiago sempre estudou em escola pública; no colegial partiu para um curso técnico bancado com seu salário e uma bolsa de 30%¨que o banco lhe pagava. Formou-se economista por uma universidade também paga.
Esforçou-se muito; só conseguiu pagar totalmente o curso superior 2 anos depois de formado. Hoje paga um curso particular que o deixe em condições de fazer um mestrado, pois não aprendeu o suficiente nas escolas onde passou.
Faltou esforço da parte dele? Onde o ilustre Professor Kanitz o incluiria, no rol dos enganadores?
Façam-me o favor!
Rubinho, forte abraço abraço!
ps: sei que estará sem pc no domingo. Se quiser logo depois do programa te mando o link onde poderá ouvir o Especial Elton John que irá ao ar domingo, 19/04 às dez da matina.

César Chagas disse...

Grande Rubinho.

que fique claro que sua leitura ao meu blog é uma grande honra.

acredito que se eu fosse discorrer sobre tudo que penso apenas neste comentário seria chato e inoportuno. Entretanto, acho interessante seu texto e o tema abordado. Porque estamos falando de uma sociedade de recompensas.

Ou seja, o tema primordial da sociedade capitalista está aí.

Assim, também não sou a favor do Capitalismo da forma como aí está. Mas também me lembro que este é o único sistema que permite a alguém nascer pobre e morrer rico ou classe média e também o inverso. O mundo está repleto de provas que o socialismo da forma como querem que seja não existe. Basta ver China, Rússia e claro: Coréia do Norte.

Pode parecer muita inocência minha, mas no caso do meu post... mas se o caso fosse invertido, e a menina fosse pobre, mas se esforçasse... eu acredito que as oportunidades aparecem. Talvez a minha amostragem esteja errada... mas convivo com gente que se esforça e consegue... e com aqueles que já são condenados por sua falta de esforço.

Eu acredito em outro mundo! Acredito mesmo. Mas acredito numa sociedade de recompensas... a idéia igualitária em tudo não funciona com o ser humano.

Mas novamente, muito obrigado por sua leitura no blog e pelo carinho no comentário.

Um abraço!!!