Meus ex-colegas de faculdade trocam e-mails e, vez em quando, o debate se instala, sempre bem-humorado, cáustico, e temperado com a antiga amizade. Alguém mencionou a situação política e o proposto "buzinaço" para o dia 7 de setembro como ação promotora de mudança.
Comentei assim:
"O Brasil ainda não se livrou do "coronelismo", o real sistema de governo vigente.
O "panelaço" pode apontar para um desejo de mudança, mas "mudança" mesmo eu duvido muito que aconteça, neste momento. Perdemos todos, e aí incluo o mundo inteiro, as únicas grandes chances de mudança que tivemos durante nossa vida (segunda metade do séc XX e primeira década do séc XXI):
1- a cultura "underground" dos anos 60 e;
2- a efervescência do fim dos 80, com a queda do muro. Perdemos estas chances e não vejo agora possiblidades reais de mudança. Talvez daqui uns dez anos, com o agravamento da crise ambiental e a ascenção ao mundo adulto da chamada "geração digital".
Veremos. Salvo engano,
r
(desculpem o ar "arrogante" do texto. Na verdade, eu não estou dando uma de "sociólogo", "intelectual", não. Pobre de mim. Saiu assim, mas é só um desabafo do coração...)"
...
Um colega afirmou que lamúrias não mudariam a cena, que é preciso se engajar ativamente e se os partidos atuais não satisfazem, que se crie um partido melhor. "O importante", afirmou, "é participar".
Respondi:
"Há meios e meios de ser "ativo"...
Um movimento muito forte hoje no mundo é o da "micro-revolução". Exige muito compromisso e envolvimento pessoal. Se é eficiente, não sei. Mas é interessante e prescinde do tipo de envolvimento político que estamos acostumados - e cansados - de ver.
Portanto, nem todo aquele que se mantém à margem da ação político-partidária, ou socialmente engajada é omisso."
Aí meu colega responde que agora é o momento de lutar por uma democracia participativa não só na hora do voto, mas na hora das decisões.
Respondi:
"No grande filme de Montaldo, "Giordano Bruno" de 1973 - lembra? éramos jovens e tínhamos esperança de mudar o mundo - o ator Gian Maria Volonté, como personagem central, ao ser levado para execução, afirma "que ingenuidade a minha: pedir ao poder para reformar o poder!". Assisti esse filme há mais de 35 anos e nunca me esqueci da frase. Continua válida hoje como no século XVI. Por essa razão estou à margem da ação política e social direta. Tento me reformar e levar as pessoas a refletirem sobre a necessidade de se reformarem. Partidos políticos, ONGs e religiões não são mais meu instrumento de trabalho. Foram, um dia. É na ação individual que me engajo. Se estou certo, não sei. Veremos."
Há alguma lógica no que disse, ou só falei bobagens???
7 comentários:
Caro, Rubinho, você nunca falaria bobagem, até que esteja no poder! hehehe!
Porém, o Brasil passou por uma leve, mas radical mudança nos últimos anos. Leve pois há ainda muita miséria e muito a ser feito; radical, pois saímos de um sistema ditatorial para uma democracia. Alguns índices socioeconômicos melhoraram. E isso é sinal que ainda mais um pouco poderá ser feito.
Lula e PT também apontaram para uma possibilidade. Eles quando chegaram ao poder já não eram mais um metalúrgico e um partido de base, mas um político e um partido (cheio de vícios). Mas, tenho que dizer, houve avanço e rompimento.
Há, como você bem escreveu, o fator poder corrompe. Mas, o poder pode ser descentralizado e desinstitucionalizado (se é que existe essa palavra).
Quem sabe a candidatura Marina Silva decola? Ela, nem tanto política como Lula e o PV nem tanto partido como o PT cheguem lá, e assim avançamos um pouco mais?
Acho que nós (o povo) temos tudo para colocá-la no poder e sustentá-la lá. Sem maiores crises internas.
Viva a anarquia. Pelo fim da democracia representativa e a favor da democracia direta.
Uma nação nasce de uma idéia,de uma atitude...é como uma gota a formar um oceano.Há tempos,deixei pra trás
a idéia de partido político,Ong´s,religião,como instrumento de trabalho,também me engajo na ação individual.
Se eu conseguir levar algo de bom,seja uma palavra,um abraço,um bom dia,01 litro de leite pra quem estiver a minha volta,não preciso de estrutura alguma,nada...a minha atitude é que deve contar.
Não importa! Façamos apenas aquilo que acreditamos ser certo, na década de 80 um músico que você gosta bastante escreveu: NINGUÉM É IGUAL A NINGUÉM!
heheheh
O mundo precisa de todos! nem que seja para alguns eliminarem outros! hahahah
bj
Vim lendo e concordando com a sua posição, até porque a minha vem sendo mais ou menos a mesma. Ao bisbilhotar as opiniões de seus amigos, outras reflexões me ocorreram. Fundamentadas talvez em palavras de varios pensadores, porem penso que a função ética da pessoa necessita deste olhar e fazer para o outro, o próximo. Mas a nossa dimensão social é muito maior do que apenas isso e envolve obrigatòriamente um agir de maior dimensão, o agir político, por sermos por natureza seres políticos,essa é parte da nossa condição humana. Deve haver uma modalidade intermediária entre extremos politicos, porque o homem ocupa diversos estagios intermediarios do seu agir. Ou que coexistam todos, visando um bem maior.
Quanto a constituição de um orgulho nacional ( fala que entendi em um se comentarista), creio que sem fronteiras maior a harmonia, menos acentuadas seriam as desigualdades, ou diferenças, porem respeitadas sempre todas sejam quais forem.Lindinho, né, diálogo para compreensão, respeito na ação e ação sim, em TODOS os níveis.
Não creio mais em soluções do tamanho do Brasil, mas em micro-ações intercambiáveis, experiências trocadas, ensinamentos a partir de gestos localizados que se encadeiam e enchem o lugar, a nação, o mundo...
Tô com o Adiron, e que isso não seja o começo de um partido.
Quem sabe uma candidata que seja mais clara, mais coerente...
Por enquanto, me sinto desacorçoada!!!
Mas você não escreveu besteirol, não...
É que o ser humano anda só pensando em si mesmo, em seus interesses...
Triste mas é isto!!!
bjs consoladores
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