terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sonhos

..."Estava saturado. Já não suportava essa mentira que é o relatar dos sonhos. Porque nenhum sonho se pode contar. Seria preciso uma língua sonhada para que o devaneio fosse transmissível. Não há essa ponte. Um sonho só pode ser contado num outro sonho"...
..."- E você, Mwadia, você não sonha?
- Eu? Ora, compadre Lázaro, eu nunca me lembro o que sonho.
- Cuidado , minha filha, muita cautela: quem não vê os seus sonhos é porque está sonhando aquilo que está vendo."...


(Lázaro Vivo é o curandeiro de "O outro pé da sereia", ficção de Mia Couto, publicado pela Companhia de Letras, que eu ainda estou, vagarosamente, sorvendo)

O trecho me remete ao conceito de realidade. O que é o real? Como podemos assegurar que vivemos na realidade e não em mero sonho ou pesadelo, devaneio de um ser inconcebível? Desconfio que a resposta passe, para desprazer de Dawkins, pela palavra ""...

3 comentários:

Tuco disse...

É preciso fé.
Acabei de ler um texto do Jorge Camargo sobre o Dawkins. O homem conseguiu concluir que somos fruto de um "acaso fantástico". Pois não é preciso alguma espécie de fé pra unir essas duas expressões: acaso-fantástico?
Ninguém escapa.

Lou H. Mello disse...

Claro que estamos sonhando, inclusive o Dawkins.

Raquel disse...

Eu ando sonhando acordada.Não tenho mais problemas para contar o que sonhei.