mesma obsessão por empregá-lo de forma produtiva ou compensadora.
Essa forma ocidental de encarar a passagem do tempo é ao mesmo
tempo neurotizante, envelhecedora e incutidora de culpa; é na
verdade, um esforço incessante no sentido de não termos em
momento algum de encarar a passagem do tempo de frente. Evitamos
olhar o rosto vazio do tempo preenchendo-o de atividades ou, ainda
mais comumente, concentrando nossa atenção em outra coisa que
poderíamos ou deveríamos estar fazendo naquele dado momento.
É a obsessão que faz com que você sinta estar perdendo tempo
trancado no escritório, quando poderia estar lagarteando na praia;
faz com que se sinta culpado por estar lagarteando na praia, quando
há tanta coisa para fazer em casa; faz você sentir que está perdendo
tempo fazendo o serviço da casa, quando há aquele bom livro para
ler; faz você sentir-se mal por estar lendo o livro, quando poderia
estar aproveitando a companhia dos filhos; faz você sentir-se mal
por estar gastando tempo com os filhos, quando tem a monografia
para terminar; faz você sentir-se mal por ver-se obrigado a escrever
a monografia, quando poderia estar vivendo!..."
(retirado, descaradamente, do Quinto Passo de "Em 6 Passos Que Faria Jesus", de Paulo Brabo, publicado pela Garimpo Editorial)
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