sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Questão de ponto-de-vista

O psicólogo faz um teste de Rochard (aquelas manchas abstratas) em uma pessoa:
- Eu vou lhe mostrar umas figuras e vc me diz a primeira coisa que vier à cabeça, ok?
- Ok.
- Esta?
- Sexo!
- E esta?
- Sexo
- Mais esta...
- Sexo!!!
- Escute, meu amigo, vc só pensa em sexo?
- Ué! Também, vc só me mostra figura pornográfica!

A piada é velha - mas é boa. É boa inclusive para ilustrar uma situação que eu tenho percebido com frequência: quanto mais velha é a pessoa, mais inclinada é em achar defeito nas coisas e reclamar de tudo.
Pensando a respeito, cheguei a conclusão que esta atitude tem a ver com a expectativa de vida. Explico-me.
Quando somos jovens, a expectativa de vida é longa; torna-se necessário um bocado de otimismo para enfrentar os muitos anos que virão. Se não formos otimistas, será muito difícil viver mais 40, 50 anos, enfrentar todos os problemas, frustrações e dissabores que certamente virão. É mais agradável prestar atenção naquilo que é prazeroso. E esquecer o mal.
À medida que envelhecemos, percebemos que nos resta pouco tempo e é preciso encontrar um jeito para não encarar a morte como um prejuízo inevitável. Então, começamos a ver defeitos em tudo, porque assim a vida se torna um pouco menos boa e a morte, próxima, um pouco mais aceitável.
Talvez o fato de eu ter ultrapassado a metade da vida adulta me faz perceber claramente isto nas pessoas, tanto nas mais jovens, quanto nas mais idosas.

E eu, no meio! Não é fácil!!!

5 comentários:

rica disse...

deve ser muito dificil não conseguir mais viver da forma como vc vivia há um tempo atrás. Isso tb altera a sua visão sobre a sua vida nesse determinado momento. Pois ao contrário de um preso, não se pode nem sonhar com a liberdade, a não ser com sua própria morte.

Fábio Adiron disse...

Não sei se concordo, eu também já passei da metade e ainda sou um otimista incorrigível.

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Oi Rubinho,

genial essa lógica. Convincente! Me fez lembrar duas coisas:

- despedida de namorados, sempre rola uma brigazinha como que também para "não encarar o prejuízo inevitável".

- certa vez na aula de psicologia a professora mostrou uma dessas manchas e disse ter descoberto um caso de homossexualismo através dela. Um colega perguntou meio ressabiado: "O que o cara viu?" Baixou um silêncio, pelo que eu logo revidei. "Fica calmo, Orlando, que não é o que você está vendo". A galera caiu na gargalhada.

Abraços fraternos,

Lou Mello disse...

As pessoas mais velhas reclamam de tudo sim. Pode ser por medo, causado pela sensação de insegurança e desconforto por causa da morte que se aproxima, mesmo. Outra possibilidade seria a sabedoria, afinal, quem não chora não mama.
Ainda bem que não estou velho e muito menos reclamando de tudo. :)

carmen disse...

Rubinho:

Sei não, acho que no começo da vida temos muito gás e muitas esperanças, de mudanças... depois, com o andar da carruagem, vemos que não é tão simples assim... e nos tornamos mais críticos.

Só espero não me tornar amarga, pois velha e chata, ninguém güenta...rsss