"O capitalismo é religião; seu deus, ao contrário do que se pensa, não é o dinheiro, mas a performance."Paulo Brabo, em seu essencial "O culto da performance".
O "Estadão" de hoje publica em seu caderno especial Aliás, depoimento de três acadêmicos sobre o movimento "Ocupar Wall Street", que tem se disseminado pelas grandes cidades americanas.
Explicações são desnecessárias. Basta olhar com atenção para as fotos estampadas na reportagem para entender o movimento. Em dois cartazes de papelão, escritos à mão, jovens sorridentes explicam que "Você vê hippies. Nós vemos patriotas." e "Você vê desorganização. Nós vemos democracia."
Brabo percebeu que o problema do capitalismo não é o fato de "não dar certo", ou "criar problemas, no lugar de resolve-los". Não!!! O problema do capitalismo é que é uma religião, cujo deus é a performance.
E isto faz toda a diferença. Torna o recém morto e incensado CEO da Apple apenas seu sumo-sacerdote, a quem todos veneramos. No mesmo caderno, do mesmo jornal, um articulista do New York Times chama Jobs de "O Último Grande Tirano" que em sua "busca pela excelência, triturou subordinados e sócios cujo desempenho não o satisfez e arrasou concorrentes sem perdão".
Mas, como toda religião, em certo ponto começa a esmagar os próprios adeptos, a tal ponto que ocorre um motim contra deus, seu sacerdote e suas doutrinas. Assim como ocorreu com a "Igreja Evangélica da Noiva do Cordeiro", onde a comunidade simplesmente abandonou a igreja em um ato de legítima defesa. Creio que é isto que começa a ocorrer com o capitalismo. Mas, ao contrário do que previram os teóricos marxistas, não é o proletariado que vai derrubar o capitalismo. É o fato de ter se tornado uma religião, cujo deus é um opressor insensível. E os jovens podem ser os agentes dessa mudança. Libertadora.
Salvo engano.
Um comentário:
Bravo é não somente um grande escritor, mas um blogueiro de performance louvável.
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