quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

No surprise

No surprise.

Como disse o Veríssimo em um texto de hoje, tudo volta ao normal no quintal, a que chamam Brasil.

Seus legítimos donos estão providenciando a reintegração de posse daquilo que lhes pertence por direito divino, desde um longínquo abril de 1500.

Sim, porque desde ali, isto aqui passou a ter donos de verdade e o povo que por aqui havia foi empurrado para os grotões, saqueado, humilhado e dizimado.

Certo que de tempos em tempos, algum zé povinho se mete a besta e tenta botar as manguinhas de fora, querendo um naco de suas posses.

Mas os donos legítimos do Brasil logo mostram a esse zé povinho quem manda nesta josta.

Onde já se viu ralé querer governar???

O nosso glorioso judiciário, como instituição, sempre foi braço dos donos do Brasil. Sempre lhes deu respaldo. SEMPRE.

Não haveria de ser diferente em 24/01/2018.

Se não são tempos de exército, pra que manter um judiciário que tanto custa? Que arranjem um triplex qualquer e provas indiciárias e depoimentos de ouvi dizer. Mas resolvam isto!

Pronto.

Quase consumatum est.

Certo que ainda falta acorrentar o Nove Dedos e exibi-lo à execração pública no JN [Jornal Nacional].

Mas, a casa grande já está providenciando isto. Não vai demorar.

Ao povo do Brasil, só resta agora ir subversando nas trevas, aqui e acolá, na esperança, que nunca morre, de que algum dia, um zé povinho surja novamente, com suas tochas incendiárias.

Por enquanto, fiquemos com as provas indiciárias.

Como réquiem do velório de ontem, transcrevo o discurso de um zé povinho retratado em "Viva o povo brasileiro", de João Ubaldo Ribeiro. É só o que posso lhes dizer neste momento.

Em 1897, logo após a proclamação da República, respondendo a uma pergunta do pai, sobre o que ele fazia, um zé povinho metido a besta da época responde:

"Faço revolução, meu pai. Desde minha mãe, desde antes de minha mãe até, que buscamos uma consciência do que somos. Antes, não sabíamos nem que buscávamos alguma coisa. Apenas nos revoltávamos. .... Hoje sabemos que buscamos essa consciência e estamos encontrando essa consciência. Não temos armas que vençam a opressão e jamais teremos... Nossa arma há de ser a cabeça. A cabeça de cada um e de todos, que não pode ser dominada... Nosso objetivo não é bem a igualdade, é mais a justiça, a liberdade, o orgulho, a dignidade, a boa convivência. Isto é uma luta que trespassará os séculos, porque os inimigos são muito fortes. A chibata continua, a pobreza aumenta, nada mudou. A Abolição não aboliu a escravidão, criou novos escravos. A República não aboliu a opressão, criou novos opressores. O povo não sabe de si... e tudo o que faz não é visto e somente lhe ensinam o desprezo por si mesmo, por sua fala, por sua aparência, pelo que come, pelo que veste, pelo que é. Mas nós estamos fazendo essa revolução de pequenas e grandes batalhas, umas sangrentas, outras surdas, outras secretas, e é isto que eu faço, meu pai".

Então, nada a mais a dizer, a não ser que sem sangue, não se faz revolução. E reformas, somente são aceitas as reformas do tipo Temer: da CLT, da Previdência... Para a ralé deixar de sonhar e querer um naco maior do Brasil deles.

Tem uns zés povinhos por aí dizendo que a luta continua.

A ver.

​Baianinho​ [meu querido Reginaldo Leão]

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