quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Pra quê estamos aqui?

 Há pessoas que gastam tempo, energia e até saúde à procura da resposta a essa pergunta, não é?

Alguns pensam que há uma resposta única para essa questão, resposta que serve pra todo mundo, em todo lugar e em todos os tempos. Geralmente, respostas desse tipo vem atreladas a preceitos e dogmas religiosos.

Outros propõem a inexistência de qualquer finalidade na vida. Negam qualquer transcedência na vida humana, e em qualquer outra.

Há uma terceira posição, nem pra lá, nem pra cá, que me atrai muito:

A vida tem o propósito, o significado que o indivíduo der. Pode ser ter uma família feliz, pode ser ter conhecimento sobre algo, pode ser conhecer o mundo, pode ser realizar algum feito notável... pode ser qualquer coisa. Alguns são difíceis, outros, bobos. Mas todos podem desempenhar o papel de finalidade existencial.

James Taylor, em sua canção "Secret of Life" faz uma proposta interessante: ele diz "The secret of life is enjoying the passage of time". Traduzindo, "O segredo da vida é apreciar a passagem do tempo"... E por que não?

Cada minuto, cada acontecimento na vida diária, pode ser apreciado em sua singularidade, complexidade, sua "espantosidade". Não é fácil, não é imediato, mas é um processo que pode ser aprendido, treinado e percebido. E a vida vai se tornando uma aventura espantosa, cheia de sabores, acontecimentos únicos, um evento rico e maravilhoso...

Não acha?


sexta-feira, 29 de novembro de 2024

O fim do livro

Estou a 20 páginas do fim. Muitas pessoas, ao ver que o livro está no fim, correm pro final pra saber como termina. Outros, ansiosos, pulam palavras, sentenças, parágrafos, viram as páginas antes de terminá-las.

Eu, não. Estou a 20 páginas do fim de "As Sementes Que o Fogo Germina", da amiga Sumaya Lima (apesar do "Lima", não é aparentada). Começo a ter pruridos na mão, não para pular as páginas e ir pro fim, mas pra voltar ao começo e ler novamente os contos curtos, concisos, enfáticos e precisos como bisturi na alma.

O que provocou esse alvoroço no coração, eu não sei. Só sei, a 20 páginas do fim, que é um livro bom pra caralho.

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Cristão? Eu?

Já me considerei cristão. Frequentava igreja, participava ativamente de atividades religiosas.

Com o tempo, fui me distanciando, aos poucos. Primeiro, parei de frequentar igreja. Depois, parei de pensar em termos religiosos, doutrinários e olhei para o mundo sem os óculos das doutrinas religiosas.

Cristão? Eu? Não sei se sou. Não sei se, algum dia, fui.

No livro de Atos, no Novo Testamento, conta-se que os seguidores de Jesus, em Antioquia, foram chamados de "cristãos".

Eles não se intitulavam "cristãos". Foram chamados pelos outros, por quem não fazia parte do grupo, de "cristãos". Naqueles tempos ainda não havia "igreja evangélica", "reformada", "protestante", "católica",  o escambau. Eram apenas gente que vivia tentando seguir os ensinos deixados pelo "mestre".

Pra mim, então, dizer que sou cristão é irrelevante. Preferia que dissessem que o sou por tentar seguir os ensinos de Jesus, contidos nos Evangelhos. Só.


sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Atos tem valor

O que você fala, vale...
Até certo ponto.
O que você faz tem valor, ponto.
O problema é que o significado do que você faz é mais complicado de interpretar do que o que você diz.
Algumas vezes até você mesmo terá dificuldade para responder à pergunta: "E isso quer dizer o quê?"
O rabino Harold Kushner, em seu livro "9 Lições Essenciais para a Vida", afirma que apenas os atos contam. Tudo o que você pensa ou diz não vale nada, se não é corroborado com atos.
Então, talvez seja o melhor caminho prestar atenção no que se fala, e mais ainda no que faz, de tal forma que nossos atos reafirmem nossas palavras, e nossas palavras dêem significado inequívoco aos nossos atos.
Que na tua lápide esteja escrito: "Disse o que fez, e fez o que disse".

 

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Com a palavra, Jim Palmer (de novo).

 

"There are more than 45,000 Christian denominations globally, all following their own understandings of the Bible. As a seminary student I was confident in my interpretations of the Bible under the illusion of doing “exegesis”, which is allegedly rooting the correct meaning out of a Bible verse through an objective analysis of the text. It wasn’t until later upon realizing that I was mostly doing “eisegesis”, which is projecting bias and presuppositions into the text."

Há mais de 45mil denominações cristãs no mundo, todas seguindo sua própria compreensão da Bíblia. Quando fui estudante do seminario, estava confiante em minha interpretação da Bíblia, na ilusão de estar fazendo "exegese", que alegadamente extrae o significado correto do verso bíblico por uma analise objetiva do texto. Somente mais tarde percebi que fazia uma "eisegese", que é a projeção de pré conceitos e pressupostos ao texto. 


segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Com a palavra, o rabino Harold Kushner

 

Não é um texto que eu assine embaixo integralmente, porque tenho dúvidas quanto a existência de Deus, de qualquer deus. Mas isso não me impede de aplaudir a forma corajosa e amorosa com que Kushner apresenta um Deus judaico-cristão totalmente diferente do dogma que me foi ensinado. 

E você, o que acha?

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

AC/DC no séc XXl

 Os tempos mudam. As siglas, também. Uma atualização da conhecida sigla AC/DC (antes de Cristo/depois de Cristo) pode muito bem ser:

Antes do Covid / Depois do Covid

Explico-me:

Cada dia mais me convenço que a epidemia de Covid foi um marco na história da Humanidade.

Primeiro, pelo número de vítimas;

Segundo, pelas mudanças de comportamento que provocou (isolamento, trabalho remoto, comunicação à distância em grupos - tipo Teams, Zoom, etc);

Terceiro, e o que me fez pensar, foi as sequelas que deixou - em grande número, em variados graus e que ainda estamos descobrindo: físicas, mentais, sociais e culturais.

Ainda estamos desvendando o mundo que o Covid nos deixou...

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

A supremacia do Amor

 Jim Palmer:

Aquela icônica canção dos Beatles, "All You Need is Love", merece consideração. Søren Kierkegaard escreveu: "Quando alguém entra por inteiro no reino do amor, o mundo - não importa quão imperfeito - torna-se rico e lindo, consiste apenas de oportunidades de amor." Sentei-me, um dia, e escrevi alguns dos caminhos que vim a entender sobre o significado do amor:

* A maior necessidade e desejo da humanidade é amor.
* Toda pessoa merece receber amor.
* Não há momento no qual você não pode amar.
* O maior poder que possuímos é o poder de amar.
* Qualquer pensamento, palavra, ato e expressão motivada por amor, importa.
* Liberdade é sempre ser capaz de escolher o amor.
* O amor é a mais alta expressão e realização de qualquer filosofia, religião e espiritualidade verdadeira.
* Nosso mais profundo trabalho pessoal é remover as barreiras contra o amor que construímos dentro de nós.
* Não há maior vocação do que ser amor.
* Amor - doando ou recebendo - é transformador.
* A pedra de toque da plenitude é amar a si próprio.
* Se alguma vez ficarmos confusos sobre o que fazer, pare e pergunte: "O que o amor faria?"
* O mundo não está longe demais para ser transformado pelo amor.
* A mais profunda afirmação religiosa é "Deus é Amor".

Algumas vezes procuramos uma eternidade por respostas a perguntas que nós somos a única resposta.

"A sabedoria me diz que não sou nada. O amor me diz que sou tudo. E entre os dois, minha vida flui" - Nisargadatta Mahara



segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Olimpíadas e os brasileiros pretos

O sucesso das atletas brasileiras Rebeca e Bia levantou o ânimo da população preta no país e foi utilizada ad nauseam pelas mídias e empresas de publicidade para louvar o "avanço" dos pretos nas conquistas da sociedade brasileira.

Por mais que eu me emocione - e como me emocionei! - com o desempenho das nossas atletas, fico muito contrariado com esse "oba, oba" de exaltação da população negra. Não que eu não concorde que essa parcela - enorme - da sociedade brasileira mereça nossa admiração e aplauso. E realmente merece.

No entanto, nada mudou. O racismo estrutural continua firme e forte. As vergonhosas desigualdades de condição de vida que castigam os brasileiros negros não mudaram com as vitórias de Rebeca e Bia.

E mais, a afirmação "sacana", maldosa, verdadeiramente vil, de que os resultados das mulheres confirmam a validade da falácia da "meritocracia" é revoltante e digna de repulsa, que, no entanto, não vi com a veemência e volume que necessita.

Temo que essas vitórias, tão suadas, sofridas e merecidas, sirvam para os poderosos, os "senhores" que determinam os destinos da nação, as utilizem apenas para beneficio próprio, sem se importar com o sofrimento diário da população pobre, sofrida e valorosa.

Não! Não é oba, oba que a população preta merece e precisa!!! É justiça social, é reconhecimento de dívida histórica do país com os descendentes de escravizados, é compaixão e não migalhas publicitárias.

sábado, 3 de agosto de 2024

Impostos!!!!

Tenho lido um bocado sobre a carga tributária brasileira, sobre a (má) intenção do ministro Haddad de "aumentar" os impostos, e como isso é "ruim" para o país, e, portanto, será ruim para o povo. E como as despesas do governo tem aumentado (quando deviam diminuir). E como tudo isso vai dar errado e o país vai "sofrer" por isso.

Tem até um "videozinho" rolando pelo TikTok e Instagram, parodiando um super-vilão conversando com o super-herói (acho que Homem Aranha), no qual ele fala como o imposto é uma vilania, como o povo é roubado pelos impostos, como a carga de impostos é enorme e apenas prejudica a sociedade.

Muito bem. A carga de impostos no Brasil é alta. Os governos frequentemente gastam mal, não beneficiando a sociedade devido a ineficácia, burocracia e corrupção.

Qual é a alternativa sugerida? Nas entrelinhas, sem mencionar claramente, sugestiona-se que esses recursos nas mãos dos empresários, nas empresas, promoveria o bem-estar social e o avanço econômico da sociedade. 

Esse o grande problema: a ilusão de que qualquer governo é mau, que toda iniciativa privada é positiva. Uma crença insana, sem um mínimo embasamento factual, eivada de malícia e segundas intenções.

Solução? Obrigar o governo a gastar bem, a escolher bem as prioridades; acompanhar a execução orçamentária, fiscalizar gastos; impor ao governo limites de atuação e objetivos claros. E às empresas, impor medidas que as tornem justas, distributivas, benéficas social e ambientalmente.

Como? Não sei, mas com o capitalismo neoliberal vigente não será.