Estudar Geologia na USP foi uma das grandes e deliciosas experiências da minha vida. Aprendi muito, viajei muito – viagens educativas, bem entendido – refleti muito, porque, ao contrário da impressão que passa, o curso era, na época, freqüentado por gente “cabeça”, politizada – até demais – e culturalmente engajada.
O difícil era aguentar algumas matérias e alguns professores. Poucas e poucos, por sorte, eram, como direi, irrelevantes. Ou chatices puras.
Umas das matérias chatas, com professor idem, era ligada a astronomia. Pra dizer a verdade, nem me lembro mais o nome da matéria. Foi um semestre só, mas difícil de engulir. A matéria em si não era complicada, por isso, quando chegou o final do semestre e o exame, eu não estava preocupado.
Das dez questões apresentadas, fui respondendo uma a uma até chegar na última. Percebi que era uma pergunta mais trabalhosa. Olhei para a minha folha de prova e vi que estava recheada de respostas, o que me assegurava aprovação na matéria. Como já era hora do almoço, deixei a última questão em branco, entreguei a prova e saí.
Esperava pelos colegas no pátio da escola, quando um deles saiu e me disse: “Ué, Rubens, porque você não respondeu a última questão?”. Disse-lhe que as outras nove respondidas já me garantiam aprovação, mas ele retrucou: “Ah, não! Era um pergunta fácil. Eu não resisti, peguei sua prova da mesa do professor, voltei para meu lugar e respondi. Fica tranqüilo, imitei tua letra direitinho...” Surpreso, só pude rir e torcer para que o professor não descobrisse que aquela não era a minha letra.
Mas tudo correu bem. Terminei o semestre com “10” de nota na matéria. Sei que não merecia, mas... fazer o quê?
Um comentário:
Meu amigo, cuidado! Isso pode dar até cadeia! :D
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