Na sala de espera do oftalmologista, aproveitei o tempo vendo algumas das revistas espalhadas sobre a mesinha. Uma "Veja S. Paulo" de maio deste ano trouxe-me de volta antigas sensações.
A notícia informava sobre a inauguração da maior livraria da américa latina, a Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. Mais de 4 mil metros quadrados de loja, tem até um teatro! A ampliação da tradicional loja ocupou o espaço do antigo Cine Astor.
Quantas lembranças! Quando adolescente, o Cine Astor era o meu preferido - largas poltronas, muito espaço para as pernas, tela imensa, próximo de casa. Foi lá que assisti a filmes memoráveis como "Easy Rider", "Help", "A Noviça Rebelde".
A livraria, na época, bem menor, era um refúgio por onde eu passava frequentemente a caminho de casa. Ficava tempo lendo os títulos, "orelhas", e admirando as capas. Cheguei a ler alguns "Tintim" e "Asterix" inteiros, aos pouquinhos, nos corredores da loja. E me extasiei com as ilustrações belíssimas dos enormes quadrinhos do "Tarzan", "Príncipe Valente", "O Fantasma-que-anda", "Valentina" e outros. Foi nesta loja que "achei" Tolkien, Frodo, Aragorn, e o mundo fantástico da "Terra Média".
A loja e o cinema, vizinhos, ficam no início da parte - naquela época, "quente" - da Rua Augusta. Como não haviam os shoppings, nela passeávamos, paquerávamos, fazíamos compras e tudo mais.
Na minha próxima ida a S. Paulo, quero visitar a nova Livraria Cultura. Mas vou sentir saudades da velha loja e do meu cine preferido.
Um comentário:
Eu não teria feito uma apreciação melhor. Foi lá que eu assisti Woodstook e, perplexo, vi Jimmy Hendrix, Sly and Family Stones, The Who, Joan Baez, Janis Joplin, etc, pela primeira vez. Estranha essa vida ambígua com rock e cristianismo. Até hoje, tenho vontade de botar fogo na minha guitarra e jogar para a galera. Tudo isso eu vi na poltrona que você descreveu e que, infelizmente, já era, como tudo que era bom.
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