Não se tratam de fios esparsos de cabelo, embora seja meu caso. Trata-se da forma popular de se referir ao desperdício, quando o dinheiro escoa como água pelo ralo da pia.
É assim que me sinto em relação a São Paulo, capital, e sua região metropolitana. São mais de 15 milhões de habitantes se acotovelando na bacia do rio Tietê, tentando sobreviver em verdadeiros amontoados humanos chamados "bairros".
Anualmente são "despejados" centenas de milhões de dólares em obras de vários tipos - viária, sanitária, residencial - tentando "melhorar" a qualidade de vida do cidadão morador dessa megalópole. Inutilmente. Tudo que é feito a favor do morador de São Paulo desaparece antes mesmo que se vejam seus possíveis efeitos benéficos.
Por que? Por que uma cidade deste tamanho, mesmo que cresça a um rítmo mínimo, é capaz de pulverizar qualquer esforço para melhorá-la.
Cito dois exemplos: o sistema de drenagem, no qual milhões de dólares foram canalizados para impedir os constantes alagamentos da cidade por ocasião das chuvas - inútil esforço - pois a cidade continua a afogar-se, como aconteceu semana passada; e o anel rodoviário chamado "Rodoanel" que há mais de trinta anos é planejado com vistas a desviar da cidade os veículos que estão apenas "de passagem" pela capital. Nem está pronto ainda e já não causará impacto sensível no lento, enervante e desgastante trânsito da cidade. O mesmo serve para o sistema de metrô da cidade.
Minha sugestão? Não investir nenhum tostão em melhoria de infra-estrutura da região metropolitana de São Paulo. Orçar apenas verbas para manutenção do que já existe. Destinar esse enorme volume de recursos que vai anualmente "pelo ralo" para melhorar e preparar as cidades do interior do estado - são mais de 500 - para receberem todo e qualquer paulistano que deseje mudar-se de lá - e são muitos! Esse dinheiro, que não tem efeito nenhum em um mastodonte com a capital, teria efeito milagroso nas pequenas cidades paulistas, transformando-as em atraentes pólos residenciais, industriais e comerciais, melhorando a qualidade de vida de todos.
Li de um sociólogo especialista em "problemas urbanos", a afirmação de que as cidades são governáveis até atingirem meio milhão de habitantes, ou pouco mais. Acima desse número, os governantes ficam a reboque dos problemas e não conseguem mais melhorar a vida dos moradores, que tende a deteriorar-se paulatina e inexoravelmente. O estado de S. Paulo tem mais de 500 cidades "governáveis". Inútil e triste ver tantos recursos desperdiçados com este gigante insano e irrecuperável.
3 comentários:
Rubinho,
concordo e discordo. Nessa ordem.
À concordância, então: o crescimento desmesurado do monstro indomável. A "locomotiva" do país, foi uma escolha e sofre das mazelas de outras gigantes, megalopoles. Esse fenômeno social não encontra soluções prontas.
A discordância, pois: não investir nenhum centavos mais é condenar os atuais habitantes à uma degradação ainda maior.Seria aopção para o caos. Não pode esquecer que tua Sorocaba é uma vítima em potencial desse crescimento descontrolado. Se os técnicos e políticos daí não acordarem e partirem para políticas e práticas gerenciais com olhos no futuro próximo, logo o caos estará batendo à porta. Voces aí tem o Rio Sorocaba que já apresenta todas as condições para ser o Tamanduateí ou o Tietê de voces, à escolher.
Isso que falo chama-se política urbana. Os (maus )governantes não fizeram, hoje os citadinos pagam.
Planejamento urbano teria que deixar de ser uma matéria de faculdade de arquitetura e urbanismo para ser usada como prática diária dos gestores públicos.
Bom, como sempre venho pouco e sempre para discordar do nobre colega. Desculpaê, tio!
Forte abraço
Não é de estranhar que um famoso humorista brasileiro respondesse à pergunta: qual foi o lugar mais estranho onde você já fez sexo?
São Paulo, disse ele.
Claro, os Paulistanos não entenderam bem a piada...
Interessante, pois há tres dias conversava com minha filha exatamente sobre esta questão com esta alternativa, só que para o Rio de janeiro!
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