Ser "dona de casa" era função básica da mulher há tempos idos. Ela era a gerente do lar, administrando os empregados domésticos, a despensa, os serviços de limpeza da casa, a preparação das refeições, os cuidados com os filhos, etc. Ufa! Coisa pra caramba! Trabalho cansativo e exigente. Enquanto isso o marido saía para o trabalho e ganhava o "pão de cada dia".
Os tempos mudaram. As mulheres se livraram pouco a pouco da obrigação social de ser "dona de casa"; invadiram o mercado de trabalho e hoje estão em todas as áreas de atuação humana.
Este processo, aliado ao alto nível de desemprego, criou a ainda rara, mas crescente figura do "dono de casa". É o marido que fica em casa com os afazeres domésticos, muito mais leves com o advento dos eletrodomésticos e a diminuição da área ocupada pelos lares modernos.
Sou um desses, quase. Tenho ficado em casa nos últimos meses, em parte deles trabalhando em casa com tradução e revisão de textos; em parte, só cuidando da casa porque a Elaine fica no trabalho muito tempo. Não gosto. Cozinhar, arrumar a louça, "ajeitar" a casa não são coisas que faço com prazer. Outros maridos "assumem" o fogão com visível prazer. Eu me saio bem, mas a contragosto. E tenho ajuda semanal de pessoas que vem cuidar da roupa e da limpeza da casa.
Por outro lado, percebo agora tentação de classificar o trabalho doméstico como "trabalho improdutivo" como era antigamente. À pergunta: "você trabalha?", as mulheres respondiam: "não, eu sou dona de casa".
Apesar de ter consciência de que minhas atividades domésticas permitem que minha esposa se dedique com afinco às suas atividades na área médica, promovendo assim a saúde de centenas de milhares de cidadãos de minha cidade, volta e meia sinto-me meio "inferior" aos meus amigos - gerentes de empresas, funcionários públicos ou empresários.
É isso. Agora me deem licença que preciso por o arroz pra cozinhar...
11 comentários:
Rubinho, um post muito importante.
Sabe, que este serviço que você citou, nem as mulheres gostam.
O fato é que precisam ser feitos.
O fato de não termos uma remuneração, é o que o fazem inferior.
Hoje trabalho em casa, costuro, faço o tricô, que vendo e que me garantem algum. Mas ainda assim, quando vou preencher uma ficha qualquer, de crediário, por exemplo, engasgo.
E me pergunto: qual é mesmo minha função?
Não é falta de trabalho, e trabalho importante, é falta puramente de reconhecimento.
Um abraço.
Dá-lhe. Mandou bem pra caramba.
Rubinho,
não vou discordar nem um milimetro sequer. (coisa rara, hein?)
Sei exatamente do que vc fala.
Por falar nisso, licença. A Aninha pede uma ajuda. Já viu, né?
Abração
Que tal criar um blogue com as tuas receitas culinárias, hein? heheheheh
Abraço.
http://tsarphatah.blogspot.com/2009/04/receita-de-nhoque.html
Alguem tem que fazer, né ? E não entendo muito essa de papéis delimitados, acredito que as circunstancias do momento criam as necessidades e as soluçoes.
Parabens pelo equilibrio que voce relatou.
Engraçado, que o que eu pensava seria um constrangimento, virou motivo de orgulho: hoje quando me perguntam onde trabalhei antes, digo em alto e bom som, em casa como dono de casa.
Isso que dá deixar as mulheres orando a vontade por aí. O maioral deve estar atendendo essas orações e nós tivemos que colocar o avental.
Rubinho
Eu tenho dupla jornada. Sou dono de casa e consultor.
Vou te deizer uma coisa: entre bater uma pia ou fazer o almoço e enfrentar alguns seres que tenho como clientes...fico de longe com a pia.
Nas tarefas do lar minha limitação é roupa, não sei lavar, nem passar.
O que será que aqueles, gerentes, funcionários públicos ou empresários, pensam da vida que você leva?
Rubinho, quando me casei, o David estava desempregado e, quando eu voltava cansada do trabalho, ele queria sair pois "não aguentava mais ficar em casa durante todo o dia, fazendo as tarefas do lar"... rssrsrs
Nós ríamos muito a respeito, mas acho que o homem não se sente bem nesta função, aliás, conheço poucas pessoas que se sentem felizes em lavar, passar, arrumar a casa, fazer a comida, lavar a louça...
Mas você deve estar se sentindo meio por baixo mesmo, pois está até se comparando com funcionário público, que já não é mais valorizado socialmente...
Grave, muito grave...
bjs
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