Continuando nossa conversa sobre deus, volto por uma "coincidência". Acabei de postar sobre o Saramago e liguei a TV enquanto almoçava. BANG!!!! O canal "Multishow" - clique para ver parte do programa - exibia um documentário ma-ra-vi-lho-so sobre o grande John Lennon, mais especificamente, sobre a vida dele após seu desligamento dos The Beatles e a gravação do álbum "Plastic Ono Band".
O programa termina com comentários, análises e depoimentos em torno da música "God" e da relação de John com a religiosidade.
A impressão que me ficou é que John se rebelou contra os mitos - e The Beatles era um dos grandes - e atirou em todas as direções com pontaria certeira. Veja abaixo a letra; se quiser, é só clicar aqui para ver o clip.
God
John Lennon
God is a concept, By which we measure Our pain.
I'll say it again.
God is a concept, By which we measure Our pain.
I don't believe in magic, I don't believe in I-Ching,
I don't believe in Bible, I don't believe in Tarot,
I don't believe in Hitler, I don't believe in Jesus,
I don't believe in Kennedy, I don't believe in Buddha,
I don't believe in Mantra, I don't believe in Gita,
I don't believe in Yoga, I don't believe in Kings,
I don't believe in Elvis, I don't believe in Zimmerman,
I don't believe in Beatles, I just believe in me
Yoko and me, And that's reality.
The dream is over, What can I say?
The dream is over, Yesterday.
I was the dreamweaver, But now I'm reborn.
I was the walrus, But now I'm John.
And so dear friends, You just have to carry on.
The dream is over.
A tradução em resumo é:
"Não creio em nada que me seja imposto, entregue como um pacote pronto e acabado, em mitos que exijam a submissão da minha razão e controlem minha emoção. Creio naquilo que eu vivo no cotidiano e experimento como mais íntimo e real: meu "eu" verdadeiro e meu amor por minha mulher e companheira - Yoko Ono."
Duas frase, entretanto, merecem destaque e reflexão:
"Deus é um conceito com o qual medimos nossa dor".
"O sonho acabou".
Pensando em Richard Dawkins, em José Saramago, em Rubens Osorio e em tantas pessoas - crentes e descrentes - que conheço e já partilharam comigo da mesma inquietação, vem me a pergunta: Será que o ateu teme medir a sua dor? Pois como bem citaram John Lennon no doumentário: "Nascemos em dor e vivemos sentindo dor. Não seria Deus o conceito pelo qual medimos nossa dor?"
(Aos 57 anos, medir a minha dor é mais fácil e mais difícil. Mais fácil porque boa parte dela já senti e estou pronto para as que virão. Mais difícil porque, mesmo depois de tantos anos, a dor não passa, não cede, apenas transmuta-se. A dor me fragiliza, mas também me humaniza. Fugir é inútil e enfrentar também. Aguenta-se, e sobrevive-se. E segue-se em frente.)
5 comentários:
...uauuuu ! arrazou ..e até doeu.
bjkasss
Talvez sinta-se ateu aquele que nunca teve uma grande dor. Nós outros procuramos conforto
Quanto a postagem anterior, que li ontem mas não consegui blablar,conclui (ontem) que o que voce apresenta como depoimento pessoal, é a tal da FÉ incondicional. Ah! Inveja. Não consigo confiar, talvez em mim mesma, primeiramente.
Deus é um conceito pessoal.Mesmo o ateu tem o seu conceito sobre Deus,talvez o mais intenso...
A diferença está na fé incondicional,ou melhor,na intensidade dela.
Sabe, eu nunca consegui medir um monte de coisas. Algumas boas (alegrias, amores) e outras não tão boas (como a dor)
E continuo acreditando em Deus
Lindo isso! Beijo - saudades!
Postar um comentário