"Eu sei que a vida devia ser bem melhor, e será"

A famosa música cantada pelo saudoso Gonzaguinha é só uma desculpa para escrever sobre duas formas, maneiras, posturas muito comuns de se olhar a vida.
A primeira pode ser chamada de idealista, sonhadora, otimista, ingênua. É quando olhamos algo a partir de "como deve ser". E praticamente tudo na vida pode ser "lindo, divino, maravilhoso".
A segunda é a posição realista, pessimista, "pé no chão", cética. Tudo "é do jeito que é" e encaramos as coisas tal como se apresentam neste mundo, com seus erros, distorções, e falhas.
As duas posições, apesar de opostas, tem uma coisa em comum: são cômodas de se adotar, fáceis de defender e seguras para quem as adota. Afinal, "tudo na vida devia ser bem melhor", dirá o realista. "E será", retrucará o sonhador.
Mais difícil, perigosa até, é adotar uma posição intermediária, que não abre mão de nenhuma das duas, mas mescla-as e as transforma em uma terceira, que pode ser a postura "sonhador-realista", "pessimista-idealista"... algo assim. Um amigo dizia que era "preciso ter os pés no chão, mas a cabeça nas nuvens".
Bem, essa introdução toda foi só para comentar a afirmação outro dia, de meu amigo Lou que o brasileiro SUS - Sistema Ùnico de Saúde - é equivalente ao americano Medcare.
Essa afirmação decorre de uma visão "realista-pessimista" da realidade. Tanto o Medcare quanto o SUS tem se mostrado falhos em atender as necessidades em saúde da população de seus países.
Mas nada tão diferente! O SUS é um sistema de garantia de um direito humano básico - o direito à saúde. É conceitualmente a base para a implantação de uma estrutura de serviços de saúde que atenda - e bem - todo cidadão que dela necessitar. Logicamente, está longe de alcançar a perfeição, visto ter apenas 20 anos de existência, depois de séculos de completa ausência no país de algo semelhante. É preciso muito esforço, coragem e determinação para fazer as mudanças necessárias que levarão o SUS a um patamar "bom" de qualidade. Mas, existe essa possibilidade; é possível sonhar com essa realidade.
Diferente do Medcare, que não oferece, nem tem potencial para oferecer ao americano uma medicina universal com um mínimo de dignidade. Tanto é assim, que Barak Obama está em luta feroz contra as corporações de saúde do país para substituir o Medcare por um sistema público de atenção à saúde.
É caro? É, e muito. Mas é mais barato e eficiente do que qualquer outra alternativa existente no mundo hoje. E o problemas do SUS não impedem de ser ele hoje elogiado por autoridades em saúde pública do mundo inteiro.
Se você é brasileiro, lute pelo SUS, por sua manutenção, ampliação e aperfeiçoamento, mesmo que você seja um dos privilegiados brasileiros que não utilizam o sistema público por possuir um plano de saúde privado. Ele faz bem à saúde do brasileiro, e "a vida será bem melhor" com o SUS.