segunda-feira, 5 de abril de 2010

Os alpinistas e a semente

"Você só encontra fotos de alpinistas no topo da montanha. Sorridentes, extáticos, felizes por atingirem o pico. Seus rostos suados, sujos não transparecem a dor e agonia passados na escalada. Eles não querem lembrar do quanto sofreram para chegar ali. Querem só gozar a vitória, o momento para o qual se prepararam e enfrentaram tantos obstáculos e sofrimentos. Para chegar lá, no alto, submeteram-se a muito penar. Mas valeu, e é isso que eles querem lembrar ao olhar para as fotos."
Foi mais ou menos assim que a narradora de Grey's Anatomy encerrou o episódio que assisti ontem, no canal Sony.

É interessante contrastar esse ponto de vista - especialmente por ser amplamente aceito - com alguns versos que li, um dia, em algum blogue amigo, de autoria do professor campineiro, Mauricio Ceolin:
“Se não houver frutos
Valeu a beleza das flores
Se não houver flores
Valeu a sombra das folhas
Se não houver folhas
Valeu a intenção da semente." 
Afinal, valem somente os "frutos" e o "cume da montanha"???
Ou vale a escalada, a "intenção da semente" mesmo que não "cheguemos lá"???

Uma boa semana a todos!

7 comentários:

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Para este tipo de pergunta, que nos joga radicalmente de um extremo para o outro, só há uma única resposta sensata: DEPENDE.

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Interessante a história do segundo verso.

Tato disse...

Bah, a moça da reportagem não entende nada de escalada, Rubinho.

Algumas das mais memoráveis que participei foram justamente as que deram tudo errado e ninguém chegou no fim.
E as lembranças dos perrengues, dos medos, do cansaço, são troféus que se ganha.

Raquel disse...

Tudo vale à pena...mesmo quando não "chegamos lá",tudo o que acontece na nossa vida é uma página escrita do nosso livro,não dá pra arrancar uma página e querer que a história seja entendida.

Tuco disse...

Caramba. A frase do seriado tá mais por fora que surdo em bingo :-).

Chegando ou não no 'topo', o massa mesmo é o percurso! O Tato disse tudo. As histórias de montanha podem ser medíocres, mas as lembranças são incríveis.

Tô com o Ceolin.

Abraço.

Fábio Adiron disse...

Para isso precisaríamos de uma cultura que não valorizasse só os campeões...

Enquanto não chega, só vemos distopias

Lou H. Mello disse...

Também fiquei com a sensação de que a mulher não sabia do que estava falando. Fico com o pessoal que prefere não chegar ao topo, aliás, assunto no qual sou expert.